Allan dos Santos, bloqueiro bolsonarista investigado em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), usou uma estagiária do gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, da Suprema Corte, para receber informações privilegiadas, diz o jornal Folha de S. Paulo nesta quarta-feira, 6, citando fontes da Polícia Federal.
O documento obtido pela PF revela conversas entre Allan e a funcionária do STF, que demonstra interesse em ajudar o blogueiro. "Será uma honra", responde a estagiária após Allan pedir que ela ficasse como "nossa informante" no gabinete de Lewandowski.
"O que vi de mais espantoso [no STF] é que realmente eles decidem o que querem e como querem. Algumas decisões são modificadas porque alguém importante liga pro ministro", detalha a funcionária nos diálogos.
As conversas ocorreram entre outubro de 2018 e março de 2020.
Em outro trecho do material, a funcionária antecipa o que ela pensava ser uma decisão de última hora da Corte envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na ocasião, em 2018, estava preso.
"Tem uma coisa Allan, mas acho q vc ja sabe... tenho pra mim q quem soltará o Lula será o Lewandowski porque com a última decisão nos autos da reclamação q a defesa ajuizou em nome do próprio lula, pedindo q ele pudesse conceder entrevista p/ quem quisesse)..... como esse decisão foi a primeira envolvendo a execução da pena do lula, tornou o Lewa prevento para futuras decisões envolvendo a execução da pena dele", escreve.
Lula seria solto somente em novembro de 2019 após a Corte proibir o cumprimento de pena após condenação em segunda instância.
Defesas
Procurada pela reportagem da Folha, Tatiana negou que tenha atuado como informante de Allan e que apenas tinha uma ligação com o blogueiro após se conhecerem como alunos de Olavo de Carvalho. Allan não respondeu aos contatos do jornal.
O gabinete do ministro Lewandowski afirmou que todas as decisões proferidas por ele "têm fundamentação constitucional e a eventual modificação delas ocorre por meio de recursos cabíveis, apresentados nos autos e julgados individual ou coletivamente (plenário ou turmas)".