O presidenciável Ciro Gomes (PDT) recorreu ao seu perfil no Twitter para comentar as notícias desta quarta-feira, 15. Ele e o irmão, o também ex-governador Cid Gomes (PDT), são alvos de mandados de busca na Operação Colosseum, da Polícia Federal, que apura supostas fraudes e pagamento de propina envolvendo obras no estádio Castelão, em Fortaleza, entre 2010 e 2013.
Na rede social, Ciro negou as irregularidades e atacou o governo Bolsonaro que, segundo ele, foi responsável por criar o que ele chamou de "estado policial" no Brasil.
"Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático. Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade", escreveu.
Ciro ainda comentou as acusações e minimizou a investigação. "Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo".
"E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que nunca me encontrou. Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção", defendeu-se.
Voltando a falar de Bolsonaro, Ciro Gomes também o acusou de usar a ação da PF para atrapalhar sua campanha eleitoral. "Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da Republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018. O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim".
"Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita. Nunca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei. Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. Ninguém vai calar a minha voz", concluiu.
Confira a thread:
Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático.
— Ciro Gomes (@cirogomes) December 15, 2021
Entenda
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira a Operação Colosseum. Um efetivo de 80 policiais federais cumpre 14 mandados de busca e apreensão em endereços de Fortaleza, Meruoca, Juazeiro do Norte (CE), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). As ordens foram expedidas pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, 32ª Vara Federal Criminal no Ceará. O magistrado ainda determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Ciro e Cid Gomes.
De acordo com a PF, as investigações miram em "possível pagamento de vantagem indevida para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio".
A representação indica que o valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, oriundo em parte de financiamento do BNDES. "Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas", registrou a PF em nota.
A ofensiva mira nos supostos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva. O nome da operação faz referência ao Coliseu, localizado em Roma, na Itália.