André Mendonça, da AGU, aceita ministério da Justiça

Mendonça é considerado leal, mas não tão próximo aos Bolsonaro quanto Jorge Oliveira, que deve permanecer na Secretaria-Geral da Presidência

28 abr 2020 - 00h22
(atualizado às 00h43)
André Luiz de Mendonça, advogado-geral da União indicado por Jair Bolsonaro ao cargo
André Luiz de Mendonça, advogado-geral da União indicado por Jair Bolsonaro ao cargo
Foto: AGU/Ascom/Divulgação / Estadão Conteúdo

O advogado-geral da União, André Mendonça, é o novo ministro da Justiça. A nomeação de Mendonça foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e deverá ser publicada nesta terça-feira, 28, no Diário Oficial da União. Bolsonaro bateu o martelo na tarde desta segunda, após se reunir com Mendonça e também com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que até então vinha sendo considerado o candidato mais forte à vaga do ex-juiz Sérgio Moro.

Bolsonaro trabalhou com uma lista de nomes, de dentro e fora do governo, mas bateu o martelo na opção "da casa", ou seja, da própria equipe. Evangélico, Mendonça é considerado extremamente leal, mas não tão íntimo da família Bolsonaro. Além disso, tem mais trânsito fora do governo do que o presidente. Como advogado geral da União, ele conta, por exemplo, com mais acesso a ministros do Supremo Tribunal Federal.

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O Estado apurou que o mais cotado para substituir Mendonça na AGU é o atual procurador geral da Fazenda Nacional, José Levi Mello do Amaral Júnior.

Entre os nomes de fora do governo que Bolsonaro chegou a sondar para o Ministério da Justiça estão juristas de grande relevância e notoriamente conservadores, como o ministro Ives Gandra Martins, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), e o desembargador Thompson Flores, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Thompson Flores condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão no processo do triplex do Guarujá (SP), conduzido por Moro na primeira instância.

Eles, porém, eram opções colocadas por generais e assessores diretos do presidente, mas desde o início o próprio Bolsonaro preferia alguém como Mendonça e Oliveira, de dentro do governo e de sua estrita confiança. No final, prevaleceu o temor de que Oliveira sofresse muito mais resistência, já que seu pai trabalhou durante muitos anos com Bolsonaro e ele próprio foi assessor e padrinho de casamento do deputado Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente.

Foi por isso que Mendonça - cotado inicialmente para assumir a vaga do decano Celso de Mello, que se aposenta compulsoriamente do STF em novembro - passou a ser o candidato mais forte.

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Só depois de anunciar o nome do sucessor de Moro na Justiça é que o presidente também confirmará o nome do novo diretor-geral da Polícia Federal para assumir o lugar de Maurício Valeixo. O delegado foi demitido na semana passada, fato que provocou a queda de Moro e a nova crise política do governo.

Alexandre Ramagem, que hoje comanda a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ainda é o preferido de Bolsonaro para o cargo. Seus interlocutores alertam, no entanto, que Bolsonaro costuma ser imprevisível, mudando de opinião na última hora, sem comunicar aos próprios assessores.

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