O deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR) formalizou nesta quarta-feira a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados, o que havia anunciado há uma semana. Pressionado pelas denúncias de ligação com o doleiro Alberto Youssef, o petista também havia afirmado na segunda-feira que renunciaria ao mandato de parlamentar, mas ontem disse que iria “reestudar” da decisão.
A carta protocolada na Câmara dos Deputados é a mesma que foi lida na última quarta-feira pelo líder do PT, deputado Vicentinho (SP), a jornalistas. No texto, ele diz que toma a decisão para se dedicar a sua defesa e para preservar a imagem da instituição.
Com a formalização, a Câmara poderá convocar nova eleição para a vice-presidência. Pela regra de proporcionalidade da Casa, o sucessor terá de ser necessariamente do PT.
Vargas é alvo de processo no Conselho de Ética após admitir ter usado um jatinho pago pelo doleiro para viajar com a família nas férias, depois de o caso ter sido revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. Mensagens interceptadas pela PF sugerem que o deputado teria ajudado Youssef a fechar um contrato da empresa Labogen com o Ministério da Saúde.
Após as denúncias, o petista pediu afastamento do mandato por 60 dias sem remuneração. Depois, decidiu deixar a vice-presidência. Vargas também deve ser alvo de um procedimento dentro do próprio PT para apurar sua conduta.
Ontem, a assessoria do parlamentar divulgou nota informando que a renúncia de Vargas seria “inócua” após a abertura do procedimento no Conselho de Ética. Abrir mão do mandato não daria fim ao processo e deixaria o petista inelegível por oito anos. Segundo o relator do caso no colegiado, Júlio Delgado (PSB-MG), a renúncia ficaria em suspenso até o fim dos trabalhos, sem convocação de suplente.