Anielle elogia 'ação contundente' de Lula ao demitir Silvio Almeida e pede respeito à privacidade

Ministra se manifestou após presidente anunciar saída do ministro de Direitos Humanos, denunciado por assediar ministra da Igualdade Racial; Silvio Almeida nega as acusações

6 set 2024 - 20h41
(atualizado às 21h42)

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se manifestou na noite desta sexta-feira, 6, sobre a denúncia de que ela teria sido assediada sexualmente por Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos recém demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o caso vir à tona. Sem citar diretamente o caso, ela elogiou a decisão do governo e criticou quem relativiza os episódios.

Foto foi publicada no perfil do Instagram da primeira dama que não acrescentou nenhuma mensagem adicional
Foto foi publicada no perfil do Instagram da primeira dama que não acrescentou nenhuma mensagem adicional
Foto: Reprodução/Instagram/@janjalula / Estadão

"Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que mencionada", disse ela em nota publicada nas redes sociais. "Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência", continuou.

Silvio Almeida foi demitido por Lula no início da noite desta sexta-feira, cerca de 24 horas após o portal Metrópoles revelar a existência de denúncias de que ele teria praticado assédio sexual contra Anielle e servidoras do Ministério de Direitos Humanos.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a instituição abriria um inquérito nesta sexta para investigar a denúncia contra Almeida. Após a repercussão inicial, uma candidata a vereadora de São Paulo relatou ter sofrido assédio sexual do ex-ministro em 2019.

"Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi", disse Anielle.

A ministra declarou ainda que meninas e mulheres sofrem assédio todos os dias no trabalho, no transporte, nas escolas e dentro de casa. "E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo", continuou.

A ONG Me Too Brasil confirmou ter recebido denúncias de mulheres que teriam sido assediadas sexualmente por Silvio Almeida. Embora afirme ter consentimento das vítimas para expor o assunto, a entidade não divulgou os nomes das mulheres para protegê-las.

O agora ex-ministro se manifestou sobre o caso ainda na noite de quinta-feira. Ele negou as acusações, disse que não há provas e ainda acionou a Justiça para que a ONG preste esclarecimentos sobre as denúncias.

"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", disse ele, em nota.

"Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro", completou.

PT diz que Lula demitiu Almeida por considerar que 'assédio sexual é intolerável'

Em nota, o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores afirmou que espera uma "apuração rigorosa e a responsabilização das denúncias" de assédio que envolvem Silvio Almeida. A sigla desejou força à ministra, que é filiada a legenda, e disse que Lula demitiu o ex-ministro por considerar que o "assédio sexual é intolerável".

"Assédio sexual é intolerável e este é o sentido da decisão do presidente Lula, de afastar o ministro Silvio Almeida. Desejamos força à ministra Anielle Franco para continuar executando seu importante trabalho", disse o partido.

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