Antes de Marçal e Tabata, qual foi o destino dos 3º e 4º colocados em eleições em SP? Relembre

Histórico eleitoral da cidade de São Paulo indica que, mesmo em caso de derrota no primeiro turno, quem concorre à Prefeitura paulistana se consolida para disputas futuras

9 out 2024 - 08h56

No domingo, 6, mais de 6,7 milhões de paulistanos foram às urnas para eleger 55 vereadores e o próximo prefeito da capital paulista. Em uma disputa parelha pelo segundo turno, avançaram à etapa final da eleição o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Pablo Marçal (PRTB), por sua vez, ficou fora do segundo turno por uma diferença de 56,8 mil votos em relação a Boulos, enquanto a deputada federal Tabata Amaral (PSB) terminou na quarta colocação. Ainda que tenham sido derrotados já no primeiro turno, o histórico eleitoral de São Paulo indica que os terceiros e quartos colocados na eleição pela Prefeitura da cidade se cacifam para disputas futuras, nos âmbitos municipal, estadual e nacional.

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1992: Aloysio Nunes (PMDB) em 3º e Fabio Feldmann (PSDB) em 4º

O segundo turno da eleição de 1992 foi disputado entre Eduardo Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PPB). Naquele ano, o ex-governador paulista, que já havia comandado a cidade por meio de um mandato biônico, foi eleito por via direta pela primeira vez, com 2.805.201 votos no segundo turno (58,08% dos votos válidos).

Com 537.930 eleitores, 12,90% dos votos válidos, o terceiro colocado no pleito foi o então vice-governador paulista Aloysio Nunes (PMDB). Durante a ditadura militar, Aloysio foi líder estudantil e atuou em ações de guerrilha, exilando-se e só retornando ao País com a promulgação da Lei da Anistia, em 1979.

Em 1982, foi eleito deputado estadual, com 46.545 votos. Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), atuou como líder do governo Montoro. Na eleição seguinte, em 1986, obteve 64.311 votos e renovou o mandato na Assembleia.

Atuou como líder na Casa do governador Orestes Quércia, que o indicou para compor como vice a chapa de Luiz Antônio Fleury, candidato ao governo paulista. Fleury e Aloysio foram eleitos em 1990 em segundo turno contra Maluf.

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Dois anos depois da campanha à Prefeitura da capital paulista, em 1994, elegeu-se deputado federal. Em 1997, deixou o PMDB e se filiou ao PSDB. Renovou o mandato na Câmara em 1998 e, no ano seguinte, assumiu Secretaria-Geral da Presidência, permanecendo no cargo até 2001, quando migrou para a pasta de Justiça. Permaneceu como ministro até 2002. Naquele ano, reelegeu-se deputado federal pela terceira vez.

De 2005 a 2006, durante a gestão Serra na cidade de São Paulo, liderou a Secretaria da Casa Civil da capital paulista. Em 2010, foi eleito para o Senado. Em 2014, foi indicado pelo PSDB para compor, como vice, a chapa de Aécio Neves à Presidência. A chapa foi derrotada no segundo turno pela presidente Dilma Rousseff, que se reelegeu com 51,64% dos votos válidos, ante 48,36% dos tucanos.

Dois anos após a eleição presidencial, a petista acabaria sofrendo um impeachment. Em fevereiro de 2017, Michel Temer nomeou Aloysio Nunes para o Ministério de Relações Exteriores. O então senador permaneceu no posto até o fim da gestão do emedebista, em dezembro de 2018. Hoje, é assessor da Apex Brasil, agência de exportações do governo federal.

O quarto colocado do pleito de 2012 foi o escritor Gabriel Chalita, então deputado federal. Ex-vereador de Cachoeira Paulista (1989-1993) e da cidade de São Paulo (2009-2011), ele também ocupou secretarias estaduais na gestão Alckmin, entre 2002 e 2006. Pelo PMDB, recebeu 833.255 votos, 13,60% dos válidos.

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Permaneceu na Câmara até janeiro de 2015. Em março daquele ano, assumiu a pasta de Educação do governo Haddad, de quem foi companheiro de chapa em 2016, quando o mandatário tentou a recondução. Não se candidatou a cargos eletivos desde então.

2016: Celso Russomanno (PRB) em 3º e Marta Suplicy (PMDB) em 4º

Com exceção dos pleitos disputados em turno único, João Doria (PSDB) foi o único prefeito de São Paulo a se eleger em decisão de primeiro turno, derrotando em 2016 o então mandatário Fernando Haddad. Russomanno ficou em terceiro lugar, com 789.986 votos, 13,64% dos válidos.

A quarta colocada na disputa foi a então senadora Marta Suplicy, ex-prefeita e candidata em duas das três últimas eleições no município. Ela se candidatou pelo PMDB, sigla à qual estava filiada desde o ano anterior, quando deixou de forma abrupta o PT, seu partido por mais de três décadas.

Marta obteve 587.220 votos, 10,14% dos válidos. Permaneceu no Senado até 2019. Depois, foi secretária de Bruno Covas e de Ricardo Nunes. Em 2024, retornou ao PT e, hoje, disputa a eleição como vice de Guilherme Boulos.

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2020: Márcio França (PSB) em 3º e Celso Russomanno (Republicanos) em 4º

Em 2020, o segundo turno da eleição paulistana foi disputado entre o então prefeito Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos. Liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos ganhara projeção nacional dois anos antes, em 2018, ao se candidatar à Presidência. Foi derrotado por Covas no segundo turno, por 59,38% a 40,62% dos votos válidos. Antes, havia passado por uma disputa parelha para avançar à etapa derradeira do pleito.

Ao mesmo tempo que apontavam para uma liderança consolidada de Covas no primeiro turno, as pesquisas de intenção de voto indicavam um cenário embolado entre Boulos, o ex-governador Márcio França (PSB) e o deputado federal Celso Russomanno.

Vice-governador de Alckmin entre 2015 e 2018, França assumiu o governo paulista em abril de 2018 após renúncia do tucano, que se candidataria à Presidência naquele ano. No segundo turno mais acirrado de uma disputa pelo Bandeirantes, perdeu para João Doria por 51,75% a 48,25% dos votos válidos. Na capital paulista, porém, venceu o adversário, cacifando-se para disputar a Prefeitura da cidade dois anos depois. Obteve 728.441 votos, 13,64% do total válido, constando no terceiro lugar.

Em 2022, candidatou-se ao Senado, mas não foi eleito. No ano seguinte, assumiu o Ministério dos Portos e Aeroportos do governo Lula. Por pressão do Centrão, migrou de pasta em setembro de 2023 e, hoje, é ministro do Empreendedorismo.

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Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, se candidatou à Prefeitura de São Paulo em 2020
Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, se candidatou à Prefeitura de São Paulo em 2020
Foto: Marcelo Chello/Estadão / Estadão

Russomanno, mais uma vez, iniciou a campanha como líder das pesquisas de intenção de voto e, ao longo da campanha, assistiu aos índices desidratarem. Conquistou 560.666 eleitores, 10,50% dos votos válidos. Em 2022, reelegeu-se deputado federal.

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