O PSDB de Santa Catarina volta a ter um candidato próprio ao governo de Estado após 24 anos. Na noite desta quinta-feira, os tucanos definiram o nome do senador Paulo Bauer como o candidato à sucessão de Raimundo Colombo, do PSD.
A última vez que a sigla lançou um nome ao governo estadual foi em 1990, quando Dirceu Carneiro obteve 76 mil votos e ficou apenas em quarto lugar.
Na oportunidade, Vilson Kleinubing, do extinto PFL, conquistou 932 mil votos e superou o peemedebista Paulo Afonso Vieira, que obteve apenas 556 mil.
Desde então, os tucanos vem apenas “compondo chapa” no Estado e apresentando candidatos a vice ou ao senado. O partido até contou com um governador do Estado, Leonel Pavan, entre março e dezembro de 2010, após a renúncia de Luiz Henrique da Silveira. O próprio Bauer foi vice de Esperidião Amin entre 1998 e 2002.
Senador eleito em 2010, Paulo Bauer tem na educação seu principal enfoque para a campanha. Foi secretário estadual na gestão de Luiz Henrique e responsável por projetos como o fornecimento de uniforme escolar para todos os alunos da rede pública, além de ações reconhecidas na aquisição de livros de autores locais.
Em convenção realizada na noite desta quinta, na Assembleia Legislativa do Estado, no centro de Florianópolis, lideranças de partidos como o DEM, PPS e PTB estiveram presentes. A possibilidade é a de que a chapa lance o nome de Paulo Bornhausen ao Senado Federal.
A candidatura de Paulo Bauer pode se configurar praticamente no único palanque de Aécio Neves junto ao eleitorado catarinense. Além do PT provavelmente lançar o ex-deputado Cláudio Vignatti ao cargo, o atual governador Raimundo Colombo já expressou publicamente o seu apoio à candidatura de Dilma Rousseff.
Bauer fez um discurso de cerca de 40 minutos, focado na participação dos correligionários na campanha. Em vários momentos, ele teceu elogios ao ex-governador Leonel Pavan e fez questão de destacar a “lealdade” dos tucanos. “Estivemos juntos com vários partidos e ninguém tem nada a reclamar de nós. Muito pelo contrário”, disse.
O agora candidato tucano ainda fez críticas aos ex-companheiros ao afirmar que a sua coligação irá reunir “apenas” as legendas que se opõem à candidatura de Dilma Rousseff. “Não queremos uma coligação com 16 partidos, como querem por aí”, afirmou. “Não podemos ter um governo para empregar quem perdeu a última eleição.”
Ao fim do discurso, Paulo Bauer ainda criticou as publicidades realizadas pelo governo de Raimundo Colombo. “Não vou fazer propaganda sobre o que vou fazer ou sobre obras que estão em andamento. Vou entregar a obra para população e usar o dinheiro da propaganda para fazer outra.”
Ao som de samba
A convenção do PSDB de Santa Catarina foi marcada por tons de crítica ao atual governador Raimundo Colombo e por desfile de passistas de escola de samba.
As modelos, incluindo uma ex-rainha do Carnaval local, subiram ao palco acompanhadas da bateria de uma escola de samba e dividiram a atenção dos 500 participantes da convenção ao final do evento.
Em discursos realizados pelos tucanos, foi ressaltada a “fidelidade” do partido com ex-parceiros, como o PMDB de Luiz Henrique da Silveira e o PSD de Raimundo Colombo. Ao mesmo tempo, a atual gestão do governo estadual foi combatida pelas principais lideranças do partido.
“Sempre estivemos a postos e agora é nossa vez”, afirmou o ex-governador Leonel Pavan. “Passamos por cima de muita coisa e agora estamos aqui para eleger Bauer para o governo e Aécio Neves para presidente.”
O senador e agora candidato Paulo Bauer fez uma referência velada ao governador Raimundo Colombo ao falar de seu apoio à candidatura de Dilma Roussef. “Quando o Aécio Neves for o presidente, manteremos uma relação sadia, de respeito. Ele não vai nos ajudar em troca de apoio, como aconteceu aqui”, disse.
Em seu pronunciamento, Bauer ainda citou o pai, que faleceu o ano passado. “Foi o meu maior conselheiro político, lugar que Leonel Pavan vem assumindo agora”, afirmou.
O final da convenção foi marcado pela presença de integrantes da bateria de uma escola de samba local. Duas passistas subiram ao palco e sambaram por alguns minutos depois da escolha do candidato tucano. Desde 1990 o partido não lançava um nome na corrida estadual.