Após cobrança pública de Lula a Haddad e Alckmin, ministros reclamam de ausência de presidente na articulação com Congresso

Há uma percepção de que Lula tenha perdido parte do entusiasmo que demonstrava há duas décadas para negociar com parlamentares

23 abr 2024 - 12h12
(atualizado às 12h14)
Foto: REUTERS

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigir maior participação dos ministros na articulação política, membros do alto escalão do governo e líderes aliados manifestaram descontentamento com a ausência do presidente nas negociações com o Congresso durante este mandato. As informações são do jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews. 

Diferentemente dos dois primeiros governos, entre 2003 e 2010, nos quais Lula mantinha uma comunicação constante com deputados, senadores e ministros, agora há uma percepção de que ele tenha perdido parte do entusiasmo que demonstrava há duas décadas. Até o momento, houve poucas conversas com líderes, e mesmo com os presidentes da Câmara e do Senado, as interações têm sido esporádicas.

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A percepção é que há uma diferença entre o empenho de um ministro em aprovar uma matéria ou uma pauta e a abordagem de Lula, que, segundo aliados, tem sido mais distante. Os aliados afirmam que é completamente diferente quando Lula faz ligações ou recebe deputados e senadores para conversas.

Em seus mandatos anteriores, Lula também costumava organizar churrascos na residência oficial da Granja do Torto, reunindo aliados e ministros. O presidente mantinha ainda uma agenda parlamentar praticamente diária com líderes do Congresso.

"Isso fazia toda a diferença", disse um antigo ministro do segundo governo Lula.

No ano passado, há o reconhecimento de que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) obteve sucesso ao articular pessoalmente a aprovação não apenas do arcabouço fiscal e da reforma tributária, mas também de outras medidas para aumentar a arrecadação. 

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Cobranças públicas

Lula mostrou insatisfação com os ministros de seu governo nesta segunda-feira, 22. Durante uma cerimônia de abertura do 'Acredita', um novo programa de renegociação de dívidas, o chefe do executivo cobrou articulação de sua equipe com o Congresso Nacional. Com um tom mais duro, Lula exigiu agilidade do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e chegou até a pedir que Fernando Haddad converse com o Senado e com a Câmara "ao invés de ler um livro".

O presidente ressaltou descontentamento com os ministros e sugeriu mudança de comportamento e prioridades durante o discurso. No entanto, os nomes de Haddad e Alckmin não foram os únicos levantados. Ele também chegou a citar Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Wellington Dias, responsável pela pasta de Desenvolvimento e Assistência Social.

"O Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington, o Rui Costa, passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", enfatizou Lula.

A cobrança pública do presidente à equipe vem em um momento em que a articulação política é alvo de críticas no Congresso Nacional. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, já chegou a chamar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de "incompetente" e disse que ele era seu "desafeto pessoal". 

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Por conta dos embates com Lira e das críticas ao modo de articulação do governo, Lula organizou uma reunião de emergência com os ministros na última sexta-feira, 19. Agora, o presidente deve se reunir também com o próprio Arthur Lira e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Fonte: Redação Terra
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