O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para retomar o diálogo entre os Poderes e organizar uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro.
Após reunião na tarde desta quarta-feira, 18, com Fux, Pacheco afirmou à imprensa que está disposto a conversar com o chefe do Planalto, com quem disse ter uma "relação muito cordial", mas destacou que, no momento, a prioridade é um encontro conjunto entre os representantes das três instituições: Executivo, Legislativo e Judiciário.
A reunião ocorreu na sede do STF, após o presidente Jair Bolsonaro aumentar as ameaças contra a Corte e pressionar o Senado a abrir um processo de impeachment contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Pacheco afirmou que pedidos de impeachment - de ministros e do próprio presidente da República - não podem ser "banalizados".
Foi um sinal claro de que, caso Bolsonaro cumpra a promessa de protocolar um pedido de abertura de inquérito para o afastamento de ambos, Pacheco não dará andamento: "Tanto impeachment de ministros do STF quanto impeachment de presidente da República é preciso ter um filtro muito severo em relação e não pode ser banalizado."
Mais uma vez, Pacheco falou em evitar extremismos. "Concordamos que o radicalismo e o extremismo são muito ruins para o Brasil e são capazes de derrotar a democracia, portanto, precisamos evitar o radicalismo, evitar o extremismo, e darmos lugar ao diálogo que busque pacificar, que busque unir, não necessariamente concordar sempre, mas temos respeito à divergência", afirmou o presidente do Senado, declarando que a democracia não pode ser "aviltada e questionada como vem sendo no País".
De acordo com ele, Fux concordou com a possibilidade de uma reunião entre os três Poderes, mas não foi acertada nenhuma data por enquanto.
"Todos devem respeito ao Poder Executivo e exigem reciprocidade", afirmou o senador.
Ao ser perguntado se uma reunião seria suficiente para debelar a crise institucional, Pacheco demonstrou insistência: "Se não for suficiente uma, fazemos outra".
Em reunião nesta semana com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o senador havia cobrado sinalizações de mudança de postura de Bolsonaro. Nesta quarta-feira, Pacheco afirmou não ter colocado nenhuma "condição" para o chefe do Planalto, mas que espera o restabelecimento do diálogo entre Poderes.