Demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, divulgou uma carta para agradecer pelo tempo que permaneceu à frente do Itamaraty e declarar que sua saída ocorre após ser alvo de uma "narrativa falsa e hipócrita, a serviço de interesses escusos nacionais e estrangeiros, segundo a qual minha atuação prejudicaria a obtenção de vacinas". Sem citar nomes, Ernesto Araújo afirma que o Brasil é alvo de "projeto materialista" para roubar a "dignidade espiritual".
"A verdade liberta e a mentira escraviza. Hoje, a mentira é despudoradamente utilizada para um projeto materialista que visa a escravizar o Brasil e os brasileiros, a escravizar o próprio ser humano e roubá-lo de sua dignidade material e, principalmente, espiritual", escreveu.
Araújo foi demitido após o governo atender pedidos do Centrão encabeçados pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), mas, em sua carta, diz que colocou seu cargo à disposição do governo.
"Infelizmente, neste momento da vida nacional, a verdade não importa para as correntes que querem de volta o poder - esse poder que, durante as décadas em que o exerceram, só trouxe ao Brasil atraso, corrupção e desgraça", afirmou.
O ex-ministro concluiu com um agradecimento ao presidente Jair Bolsonaro. "Com meu (sic) todo o meu respeito, admiração e afeto, Ernesto Araújo".
Após sucessivos embates diplomáticos e desgastes envolvendo a China, Araújo entrou em rota de colisão com a senadora Katia Abreu (PP-TO), ao dizer que a parlamentar teria pedido para favorecer a escolha de tecnologia chinesa em relação ao sistema de 5G desenvolvido pelos asiáticos. A acusação causou repúdio generalizado de todo o Congresso, que foi com força total para cima de Bolsonaro.