Élcio de Queiroz, ex-policial militar preso em 2019 sob suspeita de envolvimento nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, revelou em sua delação premiada que recebeu regularmente, por vários meses, pelo menos R$ 5 mil de Suel, ex-bombeiro também envolvido nos crimes e que foi preso na segunda-feira, 24.
No entanto, segundo o delator, a quantia foi gradualmente reduzida a cada mês e, há mais de um ano, deixou de ser depositada "do nada".
De acordo com Élcio, o esquema foi iniciado pelo próprio Suel, que repassava a Ronnie Lessa um total de R$ 10 mil mensais: R$ 5 mil destinados ao pagamento do advogado de defesa e outros R$ 5 mil para auxiliar nas despesas de Élcio, que estava enfrentando dificuldades financeiras.
Essa quantia era inclusive utilizada para ajudar a pagar as mensalidades da escola do filho do delator.
Élcio especulou que o motivo pelo qual a quantia deixou de ser depositada pode estar relacionado a 2 fatores principais: em primeiro lugar, a falta de movimentação do processo referente à morte da vereadora e do motorista; e em segundo lugar, o fato de Ronnie estar vivendo em uma situação financeira mais confortável, ou seja, "rico".
"O Suel falou que era dele (o dinheiro) e que não iria dar mais nada pra ninguém. 'O Ronnie tá rico, vou dar nada pra ninguém, isso aí é meu'. [...] Tem quase um ano que não paga nem advogado, nem paga ninguém. Até parou de pagar advogado porque não estava tendo movimentação no processo. Tinha combinado com o advogado quando voltasse a ter movimentação", comenta o delator à Polícia Federal.
A delação de Queiroz, que ocorreu após a Polícia Federal reunir novas evidências sobre o caso Marielle/Anderson, forneceu informações essenciais para impulsionar o inquérito sobre o crime ocorrido em março de 2018.
Com base nos relatos, confirmados pelos investigadores, a PF deflagrou a Operação Élpis nesta segunda-feira, 24, anunciando a conclusão das apurações sobre a dinâmica do crime.