'Ato tranquilo' atrai novos manifestantes às ruas no domingo

Medo de violência e foco em participação por meio de redes sociais foram uns dos motivos para parte das pessoas que concordavam com os protestos realizados no dia 15 de março não ir às ruas, mas agora existiriam razões para sair de casa'

9 abr 2015 - 10h56
Governo respondeu dizendo que tem disposição em "ouvir as vozes das ruas e está sempre aberto ao diálogo"
Governo respondeu dizendo que tem disposição em "ouvir as vozes das ruas e está sempre aberto ao diálogo"
Foto: Reuters

As manifestações do dia 15 de março levaram multidões às ruas do Brasil para protestar contra o atual governo e a presidente Dilma Rousseff (PT). Os pedidos contra corrupção, pelo impeachment da presidente ou pela reforma política chamaram a atenção de pessoas que, por algum motivo, não participaram dos protestos do mês passado, mas garantem que vão estar presentes nos atos programados para o próximo domingo, 12 de abril.

Seja por medo de violência ou por motivos pessoais, algumas pessoas que concordavam com o movimento não foram protestar, mas agora veem razões suficientes para sair de casa. “Ficamos com receio por pensar que ia ser igual às manifestações dos ‘0,20 centavos’ (em julho de 2013), com policia jogando bomba, Black Block e tudo mais”, afirmou a hoteleira Carla Silva. “Fiquei em casa acompanhando pela TV e vi que foi tudo pacífico, por isso decidi participar no dia 12.”

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O especialista em pesquisa de patentes Ítalo de Barros Naddeo afirmou que preferiu participar do primeiro protesto por meio das redes sociais. Contudo, ele acredita que a manifestação não deu resultados e, por isso, chegou a hora de sair de casa. “O movimento já foi para a rua, mas já que os políticos não entenderam, vai de novo. Não fui ao outro, mas penso isso dessa vez. Temos um sistema democrático exatamente para que a gente não tenha que ir pra rua exigindo mudanças políticas. Mas já que eles não fazem nada temos de ir protestar”.

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Sobre os motivos para os protestos, Naddeo afirma ser contra o impeachment por acreditar que essa não seria a solução para os problemas do País. “Eu espero que esse movimento faça com que os políticos de modo geral se posicionem de maneira mais madura, mais profissional”, disse. “Acredito que vivemos uma fase econômica para a qual retirada da presidente não faria diferença. Acho que temos um sistema democrático. Temos que ter uma mudança estrutural na política do País. Não envolve a presidência apenas, mas todos os partidos”, completou.

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Foto: Joedson Alves / Reuters

O pensamento do especialista em pesquisa de patentes é parecido com o de Carla, que não vê a saída de Dilma como solução. “Minha manifestação é contra a corrupção”, disse a hoteleira, que vai à manifestação com os pais, irmãos, cunhadas e sobrinho.

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Já o engenheiro eletricista Ludel Vieira Lessa vê a saída da presidente como a única solução para o desenvolvimento do Brasil. Ele diz que vai protestar para que o governo seja mais transparente, principalmente com o dinheiro aplicado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em outros países. “O dinheiro do BNDES é dinheiro de imposto, que sai do bolso do brasileiro e deixa de ser investido aqui. (...) Tem havido uma irresponsabilidade total com o dinheiro do BNDES. O Eike Batista quebrou, os bancos privados falaram o prejuízo que tiveram, enquanto o BNDES não fala nada”, afirma.

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Foto: Marcelo Sant'Anna / Fotos Públicas

Para Carla Monteiro Girodo, líder do movimento Vem Pra Rua em Minas Gerais, efeitos no bolso do brasileiro, como o aumento na conta de luz, sentidos depois do primeiro protesto estão motivando mais pessoas a irem ao ato do dia 12. Além disso, ela nota o aumento da participação de alguns setores nos protestos. “Classes profissionais que antes estavam quietas e agora estão se mobilizando são as de saúde e o pessoal da área de minerações de energia. São os dois setores, aqui em Minas Gerais, que tenho visto crescendo”, contou.

A expectativa do movimento é que cerca de cem mil pessoas vão para a manifestação apenas em Belo Horizonte, número que seria quatro vezes maior que o oficialmente divulgado na primeira manifestação. De acordo com o Vem Pra Rua, 45 mil pessoas protestaram no dia 15 de março, enquanto a polícia informou a participação de 25 mil nos eventos em BH.

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“Queremos o Fora Dilma dentro da lei, sendo por cassação, renúncia ou impeachment. Queremos que os partidos ajam por interesse do Brasil. Queremos saber quais países receberam dinheiro do BNDES. Queremos uma transparência do Fernando Pimentel sobre esse dinheiro. E tem a questão da Lava Jato, que queremos a punição real dos envolvidos. Nesse sentido queremos trabalhar num movimento pacífico, conversando, tendo união. Nós somos a favor da liberdade, da democracia, da ética na política”, listou Carla.

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Fonte: Terra
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