Autor do PL das Fake News critica mudanças na Meta e defende regulamentação de redes sociais

Senador Alessandro Vieira diz que mudanças visam lucro e não liberdade de expressão ou saúde mental; Mark Zuckerberg anunciou alterações na política de moderação de conteúdo das plataformas da empresa

8 jan 2025 - 10h56

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do projeto de lei (PL) das Fake News, rebateu as críticas feitas por Mark Zuckerberg, diretor-executivo da Meta, às iniciativas de regulamentação de redes sociais. Segundo o congressista, as declarações do empresário, que classificou essas ações como "censura", não interferem no avanço da proposta no Brasil.

Senador Alessandro Vieira, autor do PL das Fake News
Senador Alessandro Vieira, autor do PL das Fake News
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado / Estadão

Zuckerberg anunciou nesta terça-feira, 7, mudanças profundas na política de moderação de conteúdo das plataformas da Meta, incluindo Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. Entre as alterações, estão o fim dos contratos com agências de checagem de fatos e a adoção de um sistema de notas da comunidade, semelhante ao modelo usado pelo X (antigo Twitter), de Elon Musk.

"Cada país tem autonomia para fazer a sua regulação sobre qualquer tema. Os abusos eventuais são reflexos de má legislação ou maus juízes, mas não são a regra", afirmou o senador, em declaração ao Congresso em Foco.

Zuckerberg afirmou que a regulamentação proposta em países como a União Europeia institucionaliza a censura e "dificulta a inovação". Ele também criticou nações latino-americanas, alegando que possuem "tribunais secretos" que ordenam a remoção de conteúdo. No pronunciamento, o CEO apelou ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para liderar uma oposição institucional a essas políticas.

Alessandro Vieira, no entanto, acredita que essas declarações têm pouca relevância prática no Brasil. "O que afeta a tramitação deste ou de qualquer outro projeto complexo é a baixa capacidade dos parlamentares para entender o problema e enfrentar a pressão midiática", avaliou. Ele também alertou para os possíveis impactos negativos das mudanças na Meta, que podem facilitar a disseminação de desinformação.

O PL das Fake News, aprovado no Senado em 2021, inicialmente visava penalizar pessoas envolvidas na produção e na disseminação de notícias falsas. Na Câmara, o projeto ganhou um escopo mais amplo, buscando regulamentar as redes sociais com base em modelos internacionais, como os da Austrália, do Canadá e da União Europeia. Porém, tramitação da proposta foi paralisada em 2024, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), instituiu um grupo de trabalho para revisar o texto.

Zuckerberg justificou as mudanças anunciadas como uma forma de promover a liberdade de expressão. Contudo, para Alessandro Vieira, o objetivo real do pacote é puramente financeiro. "A Meta nunca teve preocupação real com a qualidade da informação que circula nas redes, seu foco sempre foi maximizar lucros. (…) Zuckerberg só está preocupado com o lucro das suas empresas, não com liberdade de expressão ou saúde mental", argumentou.

O senador reforçou que a regulamentação não é censura, mas uma necessidade para proteger os usuários de abusos e da desinformação. Segundo ele, a ausência de mecanismos de controle deixa as plataformas vulneráveis ao uso indevido, muitas vezes prejudicando o debate público e as instituições democráticas.

A flexibilização na moderação de conteúdo da Meta inclui ainda a remoção de restrições sobre temas como gênero e imigração, alinhando-se a demandas antigas de Trump e de outros líderes de extrema direita. Para Vieira, essas decisões mostram que a empresa não busca melhorar a qualidade das redes, mas sim atender a pressões políticas e proteger interesses comerciais.

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Senador Alessandro Vieira, autor do PL das Fake News
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado / Estadão
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