Joaquim Barbosa anuncia aposentadoria do STF
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, comunicou oficialmente ao plenário da Corte nesta quinta-feira que vai se aposentar até o final de junho. Falando de improviso e sem detalhar os motivos que o levaram à decisão, Barbosa agradeceu aos outros ministros. Contudo, não revelou qual caminho deverá seguir ao sair do STF.“Decidir me afastar do Supremo Tribunal Federal no final deste semestre, no final de junho. Afasto-me não apenas da presidência, mas do cargo de ministro. Requererei, portanto, meu afastamento do serviço público após quase 41 anos. Tive a felicidade, a satisfação e a alegria de passar e compor esta Corte no que é talvez o seu momento mais fecundo, de maior criatividade e de importância no cenário politico institucional do nosso País. Sinto-me deveras honorado de ter feito parte deste colegiado e de ter convivido com diversas composições e, evidentemente, a atual composição”, disse Barbosa.
O ministro Marco Aurélio, integrante mais antigo do plenário no momento do anúncio, aproveitou para destacar que a relatoria do processo do mensalão será o feito mais importante a ser deixado por Barbosa durante seu período no Supremo. Ainda assim, tratou de compartilhar o trabalho com o restante dos ministros.
“Veio a ser relator de uma ação penal importantíssima no que o Supremo, como um colegiado, acabou por reafirmar que a lei é lei para todos indistintamente. Acabou por revelar que processo em si não tem capa, processo tem conteúdo, e que não se agradece este ou aquele ato a partir da ocupação da cadeira no próprio Supremo. Refiro-me à AP 470 e que foi julgada não por um ou por outro, mas acima de tudo pelo Supremo pelo colegiado”, afirmou o ministro.
Da mesma forma que havia dito a jornalistas antes do início da sessão, Marco Aurélio criticou indiretamente a decisão de Barbosa de se aposentar antes do fim de seu mandato como presidente da Corte e relacionou sua saída aos problemas de saúde. Barbosa sofre de uma doença que provoca fortes dores na coluna, que o prejudicou inclusive durante o julgamento do mensalão.
“Lamento a saída de Vossa Excelência porque penso que devemos ocupar a cadeira até a undécima hora, mas compreendo, já que estou muito acostumado a conviver com a divergência, a decisão tomada a partir do próprio estado de saúde de Vossa Excelência. Só posso desejar que seja muito feliz no período posterior à saída do Supremo e na área que vier a escolher”, desejou o colega de STF.
Já o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacou a origem em comum com Joaquim Barbosa, que também atuou como procurador da República antes de virar ministro do Supremo. Janot lamentou a saída prematura de Barbosa, mas disse que o ministro deve sair da Corte com a sensação de dever cumprido.
"Fica aqui um protesto pela saída prematura e fica também o agradecimento do Ministério Público brasileiro, de que tenho a honra e privilégio de ser porta-voz, de agradecer o comportamento de Vossa Excelência como membro do Ministério Público e de juiz desta alta Corte e de assegurar-lhe o nosso aplauso e elogio. Sinta-se com o dever absoluta e totalmente cumprido. Que o senhor tenha sucesso no caminho que virá e tenho certeza que terá”, encerrou.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, ganhou destaque no País desde 2012, ao atuar como relator do processo do mensalão do PT
Foto: Nelson Jr. / SCO / STF
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Ele representa um marco histórico como primeiro presidente negro da corte, mas também é conhecido pelo temperamento forte, o que fez com que se envolvesse em polêmicas com políticos, jornalistas e bate-bocas com colegas do tribunal
Foto: SCO / STF
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Mineiro de Paracatu, Joaquim Barbosa chegou ao Supremo em 2003, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: SCO / STF
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Por ironia do destino, sua cadeira na Corte foi negociada pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de poderosos em Brasília, inclusive do publicitário Duda Mendonça, réu no processo do mensalão. Kakay levou o nome de Barbosa a ninguém menos que José Dirceu, a quem o ministro condenou por corrupção ativa pelo envolvimento no esquema de compra de apoio político durante o primeiro mandato do governo Lula
Foto: Carlos Humberto / STF
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Barbosa é o primogênito de oito filhos de um pai pedreiro e uma mãe dona de casa
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
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Aos 16 anos foi para Brasília, arranjou emprego na gráfica de um jornal e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público
Foto: José Cruz
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Obteve o bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, fez mestrado em Direito do Estado
Foto: Wilson Dias
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Prestou concurso público e foi aprovado para o cargo de procurador da República, durante a gestão do ex-ministro Sepúlveda Pertence como procurador-geral da República
Foto: AFP
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Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II em 1990 e seu doutorado em Direito Público pela mesma universidade em 1993
Foto: Gabriela Biló
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Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Foto: José Cruz
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É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol
Foto: Nelson Jr. / SCO / STF
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Joaquim Barbosa toca piano e violino desde os 16 anos de idade, mas não pode mais exercer sua grande paixão, o futebol, por causa de uma sacroileíte, uma inflamação na base da coluna que o obriga a revezar cadeiras no plenário para suportar as dores
Foto: Nelson Jr. / SCO / STF
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O ministro passa a maior parte das sessões em pé e movimentando-se ou recostado sobre à cadeira
Foto: Reuters
Fonte: Terra