O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, durante reunião com prefeitos mineiros, nesta sexta-feira, 14, a ausência de nomes apresentados pela campanha petista para uma possível gestão.
"É uma caixa preta", disse Bolsonaro, que afirmou que seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não esconde apenas as gestões da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT), mas "esconde todo mundo". "Ele não apresenta um nome sequer", emendou.
Bolsonaro participou nesta tarde de um encontro com prefeitos filiados à Associação Mineira de Municípios (AMM), entidade que reúne 786 municípios. Em pedido de apoio aos presentes no evento, o presidente reforçou que o que está em jogo na disputa presidencial não é apenas o nome que vai administrar a nação, mas "aquele que vai dizer se vamos viver em liberdade ou não" e que "vai dizer se vai ter equipe de pessoas técnica ou pessoas sem qualificação".
Em um discurso característico de aceno ao agronegócio, crítico ao Movimento dos Sem Terra, em defesa da família e da pauta de costumes, o presidente pediu aos prefeitos que "refresquem a memória de quem votou no PT" para "trazer o voto para o nosso lado e conseguir virar Minas Gerais".
Bolsonaro discursou ao lado do governador mineiro Romeu Zema (Novo), que foi escalado para coordenar a campanha de reeleição do presidente em Minas. Até a primeira rodada, o governador se manteve neutro e evitou sinalizar apoio com receio de que a alta rejeição do chefe do Executivo contaminasse seu projeto de reeleição.
Dois dias após ser eleito, Zema não só anunciou apoio público a Bolsonaro, como embarcou na campanha e endossou as críticas ao PT. "Temos de trabalhar única e exclusivamente em prol do nosso candidato a presidente", disse o governador reeleito.
"Vocês, prefeitos, são testemunhas da tragédia que o PT causou em Minas Gerais. Esses prefeitos aqui são heróis", continuou Zema. Em sua crítica às gestões petistas, o governador disse que o partido tenta "esconder" seu passado na campanha, referindo-se aos governos de Dilma e Pimentel.
"O que acontecer no Brasil nos próximos anos depende daquilo que fizermos nos próximos 15 dias. Precisamos trabalhar arduamente, pedir voto a voto, refrescar a memória do mineiro de como foi trágico a gestão do PT aqui. E como foi trágico as pessoas que estão escondendo", disse. "Fica muito claro, eles não mostram o que fizeram", continuou.
A campanha de Bolsonaro aposta em uma virada do presidente em Minas com a mobilização de Zema e de uma rede de prefeitos. A avaliação de aliados do chefe do Executivo é que apoios regionais valem mais na eleição do que o endosso de partidos ou de ex-candidatos à Presidência como Simone Tebet (MDB), que decidiu fazer campanha para Lula.
O chefe do Executivo também conta com a mobilização do senador eleito Cleitinho (PSC) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que foi o mais votado do País nestas eleições, com 1,492 milhão de votos. Nikolas participou do encontro de hoje.
AMM
A AMM elaborou um documento consolidado com as reivindicações dos municípios mineiros para ser entregue tanto a Lula quanto a Bolsonaro. A entidade aguarda uma iniciativa da campanha do PT para promover um evento com o ex-presidente.
"A AMM é uma entidade apartidária, ela não se envolve politicamente, eleitoralmente. Os prefeitos que têm decisões individuais de cada. Como entidade, nós vamos entregar essa pauta ao candidato do PL que pediu um encontro para entregar essa pauta", declarou Luciano Pereira, diretor de comunicação da AMM, ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Apesar do discurso em nome da entidade, o presidente da associação, Marcos Vinícius Bizarro (PSDB), que também é prefeito do município Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, anunciou apoio público à reeleição de Bolsonaro. Em vídeo publicado no Twitter, ao lado de Zema e Bolsonaro, Bizarro declarou postura a favor do chefe do Executivo. "Minas tem que avançar", disse. "É um encontro que a gente está pensando na gestão pública, e é isso que a gente quer."
Questionado sobre a espera da AMM para um encontro, o presidente estadual do PT, Cristiano Silveira, declarou que há intenção de realizá-lo, seja com a presença de Lula ou com algum representante. "Mas honestamente não creio neste argumento deles AMM", disse.