Sob pressão dos inquéritos da "rachadinha", da possível interferência na Polícia Federal e das fake news, o presidente Jair Bolsonaro se afastou de extremistas ligados a Olavo de Carvalho e lavajatistas. Agora, vive na companhia de políticos do Centrão e de ministros do Supremo Tribunal Federal contrários à Lava Jato.
A "nova turma" do presidente é formada por antigos conhecidos dos tempos de Câmara dos Deputados e com quem Bolsonaro se sente à vontade para "tomar tubaína". O presidente passou a usar a expressão que cita o tradicional refrigerante do interior paulista para definir suas recentes relações.
A "República da Tubaína" pode blindar o presidente e seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), de investigações. O grupo de confiança inclui, além dos ministros do STF Dias Toffoli e Gilmar Mendes, nomes do Progressistas como o senador Ciro Nogueira (PI) e os deputados Arthur Lira (AL) e Ricardo Barros (PR), atual líder do governo na Câmara. O Progressistas é o antigo PP, partido ao qual Bolsonaro foi filiado.
Tudo isso a despeito do discurso contra Congresso e Supremo que levou Bolsonaro ao poder e da participação do próprio presidente em ato antidemocrático, em abril. O time que passou a ser ouvido pelo presidente ainda inclui os ministros das Comunicações, Fábio Faria, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Ambos oriundos do Congresso.
Integrantes do primeiro escalão dizem que a expressão "tomar tubaína" define o tipo de aliados que Bolsonaro quer por perto neste momento. Saem os radicais, entram nomes com capacidade de articulação política. Assim, Bolsonaro se cercou de quem pode ajudá-lo não apenas a afastar a pressão de investigações que envolvem a sua família, mas também a abrir caminhos para seus planos de reeleição em 2022.
"Para que as reformas sejam aprovadas, o Brasil precisa estar no eixo de desenvolvimento", disse o líder do governo, Ricardo Barros, quando questionado sobre a mudança de postura do presidente.
Bolsonaro disse que também já tomou "muita tubaína" com o desembargador Kassio Marques, nome ligado ao Centrão escolhido para a vaga aberta no Supremo com a saída de Celso de Mello. Na indicação, a influência da "República da Tubaína" ficou explícita. Com o desembargador, Bolsonaro foi à casa de Gilmar, onde se reuniu com Toffoli, Fábio Faria e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
No sábado, houve outro encontro na casa de Toffoli, que recebeu Bolsonaro com um abraço. A imagem foi alvo de críticas dos apoiadores do presidente. Na segunda, Bolsonaro recebeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Alvorada. "Estou errado? Quem é que faz a pauta na Câmara?", justificou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.