Bolsonaro ataca STF no dia que será julgado por racismo

Candidato do PSL à Presidência afirmou que magistrados têm "que se dar ao respeito"; Corte julga caso de preconceito contra quilombolas e refugiados

28 ago 2018 - 11h24
(atualizado às 12h43)
Foto: Wilton Junior / Estadão

No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa se tornará réu por racismo o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, o candidato atacou os ministros da Corte durante agenda pública no Rio. O deputado afirmou nesta terça-feira, 28, que o Supremo tem de "respeitar" o povo brasileiro e criticou a discussão sobre a descriminalização do aborto para mulheres que façam a interrupção voluntária da gestação até a 12ª semana da gravidez.

"Quero mandar um recado para o STF: respeite o Artigo 53 da Constituição que diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião. E ponto final, p...(sic). A missão do STF não é fazer leis. Eles querem agora legalizar o aborto. Não é atribuição deles e ponto final. Eles têm que ser respeitados? Têm. Mas têm que se dar ao respeito também. Não é porque a Câmara não decide que eles devem legislar. Respeito o STF, mas eles têm que respeitar o povo brasileiro", disse o candidato em visita ao Ceasa da capital fluminense.

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Bolsonaro também fez referência às religiões dos ministros. Segundo ele, não há nenhum ministro do STF que se diga cristão. "Nós somos 90% cristãos. Por que não temos nenhum lá dentro (do STF)? Porque, de acordo com indicação política, o PT botou oito. O PT botou gente (no STF) que interessa ao seu projeto de poder", afirmou.

O candidato acrescentou que os ministros do STF estão "na iminência de interpretar a perda de liberdade após condenação em 2ª instância". Segundo ele, com a suposta aprovação, iria "todo mundo pra fora". "É um estímulo para a corrupção", emendou.

Questionado por eleitores, em meio à entrevista à imprensa que concedeu, sobre qual a sua proposta para o STF, Bolsonaro negou ser a favor de concurso público para as nomeações dos ministros. O candidato do PSL disse que aceitaria esse modelo "se fosse para todos os 11, começando do zero". "Do modo que está, vão ter três indicações no futuro. Vocês sabem o perfil que indicarei. Vamos tentar buscar equilibrar o jogo", argumentou.

Julgamento

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga esta tarde uma denúncia contra Bolsonaro pelo crime de racismo. Se a denúncia for acatada, o inquérito será transformado em ação penal, e Bolsonaro passará à condição réu. Caso a denúncia seja aceita, não há previsão que ela seja analisada até o fim da eleição.

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Bolsonaro já é réu no STF em outra ação penal, aberta em 2016, em razão de uma entrevista na qual ele disse que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada. Ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, ele declarou em dezembro de 2014 que ela era "muito ruim" e "muito feia" e, por esse motivo, não seria merecedora do estupro. Duas ações penais o tornaram réu em razão desses casos.

Nesta quarta, Bolsonaro assumiu uma postura crítica à Corte em relação a análise da terceira denúncia. Ele afirmou que, como deputado federal tem o direito a opinião, os ministros do Supremo têm de respeitar a Constituição. "Respeite o Artigo 53 da Constituição. No Artigo 53, diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião", afirmou o presidenciável do PSL.

De acordo com a denúncia feira da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro praticou de racismo em uma palestra que deu no clube A Hebraica, do Rio de Janeiro, em abril do ano passado. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considera que ele demonstrou preconceito contra quilombolas e refugiados. Bolsonaro afirmou que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas". "Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais", disse Bolsonaro na ocasião.

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