O presidente Jair Bolsonaro cobrou nesta segunda-feira, 11, o apoio de parlamentares da bancada ruralista ao candidato do Planalto nas eleições da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão. Ele justificou o pedido ao destacar que o campo "nunca teve um tratamento tão justo e honesto" quanto em seu governo. Segundo ele, o agronegócio está "bombando" e, por isso, parlamentares da bancada deveriam apoiar o candidato do governo.
"O campo nunca teve um tratamento tão justo e honesto quanto tem comigo, em todos os aspectos. Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar o nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Eu não entendo", disse para apoiadores na saída do Palácio da Alvorada na manhã desta segunda.
"O campo está bombando, esse pessoal todo do campo tem que estar comigo, pô. Isso é o mínimo de razoabilidade que eu peço pra eles, para a gente poder levar nossas pautas pra frente", afirmou. Ele ressaltou que precisa do apoio dos ruralistas para avançar com as pautas do governo no Congresso, como medidas provisórias. "Eu não comando o Brasil sozinho, tem o Legislativo do lado que é o responsável por leis, o cumprimento da Constituição. Nós não podemos ter mais dois anos pela frente com a esquerda dominando a pauta. Do lado de lá está o PT, PCdoB e PSOL. Atrapalhou a gente dois anos, fizeram as pautas", disse.
Bolsonaro voltou a dizer que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou caducar a MP da regularização fundiária e "matou o campo". A MP enfrentou resistência dos parlamentares e foi apelidada de MP da Grilagem. Sem acordo para votação, o texto perdeu a validade no ano passado.
"Nós podíamos ter todo o campo legalizado onde o homem pudesse fazer seus empréstimos, seus negócios. E não pode fazer por quê? Porque o presidente da Câmara deixou caducar. E agora eu vejo o pessoal do agronegócio, alguns poucos, é lógico, apoiando um candidato que tá do lado da esquerda", disse.
O bloco de Rodrigo Maia apoia a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), que tem o aval de siglas da oposição e da centro-direita. "Nada pessoalmente contra o candidato do outro lado, pessoalmente, mas agora, ele está junto com o PT, PCdoB e PSOL, não precisa falar mais nada", comentou o presidente.
O chefe do Executivo disse ter "profunda gratidão e apreço" pelos parlamentares do campo e que o "mínimo" que pede a eles é o apoio nas eleições da mesa para evitar que novas MPs caduquem. "Se eu fizesse a agenda ambiental xiita de governos anteriores, o agronegócio estava no fundo do poço", comentou.
Para os apoiadores, Bolsonaro disse ainda que a "esquerda" quer a volta do imposto sindical e que isso afetaria a produção no campo. "É a volta do imposto sindical para continuar infernizando quem produz no Brasil? Se os heróis que produzem começarem a deixar o Brasil, não tem mais emprego pra ninguém", declarou.
O presidente voltou também a citar o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em São Paulo e argumentou que isso afetou os produtores do campo. Por fim, o chefe do Planalto pediu o uso da razão na escolha do novo presidente da Câmara: "A eleição da Câmara não tem que ser coração, tem que ser razão".