O ex-presidente Jair Bolsonaro é aguardado na sede da Polícia Federal nesta quarta-feira, 26, para prestar depoimento a respeito do ataque às sedes dos Três Poderes, ocorrido em 8 de janeiro deste ano. A oitiva ocorre no mesmo dia em que está prevista a leitura do requerimento de abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas na capital federal.
A inclusão de Bolsonaro nas investigações sobre o 8 de janeiro ocorreu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Na decisão que determinou a abertura do inquérito sobre a participação do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes reiterou a justificativa da PGR, abordando a conduta do ex-mandatário dois dias após os ataques, quando ele "teria supostamente incitado a perpetração de crimes contra o Estado de Direito".
No dia 10 de janeiro, Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais questionando a lisura e a confiabilidade das eleições presidenciais de 2022. O compartilhamento da teoria conspiratório levantou suspeita de que o ex-presidente estaria estimulando crimes contra o estado de direito. A postagem foi apagada no mesmo dia.
O depoimento do ex-presidente é mais um capítulo nas centenas de oitivas coletadas pela PF. O STF já tornou réus 100 denunciados por participação nos ataques golpistas. Mais 200 denúncias devem ser julgadas pelo Supremo.
O caso se soma, ainda, à ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investiga a live do ex-presidente com embaixadores em julho do ano passado, durante a qual Bolsonaro colocou em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas. Recentemente, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou a favor da inelegibilidade do ex-presidente, e, ao emitir esse posicionamento, argumentou que a conduta dele naquela ocasião se refletiu no ataque de 8 de janeiro.
Esta é a segunda vez que Jair Bolsonaro prestará depoimento à PF desde que deixou o cargo. No início do mês, logo após retornar ao Brasil dos Estados Unidos, para onde viajou ainda em dezembro de 2022, o ex-presidente prestou esclarecimentos sobre o caso das joias milionárias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita e retidas pela Receita Federal, revelado pelo Estadão.