O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira(21) em transmissão por rede social que não é o caso de tornar público o conteúdo completo do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, o que avalia que seria um "constrangimento".
A expectativa é que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decida até a sexta-feira se divulga, na íntegra ou parcialmente, a gravação da reunião na qual, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, Bolsonaro cobra-lhe troca na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro sob a ameaça de demiti-lo.
O vídeo é considerado como uma das principais provas para sustentar a acusação feita por Moro de que o presidente tentou interferir no comando da PF, fato esse investigado em inquérito relatado pelo ministro do STF.
Bolsonaro nega a acusação. Moro deixou o cargo dois dias depois da reunião.
"Vão perder amanhã, estou adiantando a decisão do ministro Celso de Mello. Não tem nada, nenhum indício, de que porventura eu interferi na Polícia Federal naquelas duas horas de fita. Mas eu só peço, não divulguem a fita toda", disse.
Bolsonaro disse que há questões reservadas tratadas no encontro e que deveriam não ser divulgadas, além de mencionar que houve "palavrões".
"Tudo que eu falei pode ser divulgado, exceto duas pequenas passagens, de 15 segundos cada uma, que a gente fala de política internacional e uma coisa, no meu entender, de segurança nacional e, obviamente, o que os ministros falaram, como não tem nada a ver com o inquérito, que não tornasse público, porque é um constrangimento... ficamos na informalidade, você brinca um com o outro, sai um palavrão... não é o caso de tornar público isso", disse.
O presidente afirmou que vai cumprir a decisão do ministro do Supremo, mas reforçou novamente que não haveria elementos na gravação para sustentar o que disse Moro.
O presidente destacou que, na gravação, não há uma palavra de ele falando em trocar a "Policia Federal" ou a Superintendência da corporação no Rio de Janeiro ou em outro Estado. Segundo Bolsonaro, há críticas que ele faz à inteligência da PF, Forças Armadas e uma "pequena crítica" à Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.