O deputado federal Jair Bolsonaro afirmou, durante discurso no plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, que "não estupraria" a ex-ministra Maria do Rosário porque ela "não merece".
"Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias você me chamou de estuprador [...] e eu falei que eu não a estuprava porque você nem merece. Fique aqui para ouvir", disse Bolsonaro, do Partido Progressista (PP).
Deputado mais votado do Rio de Janeiro, Bolsonaro é conhecido por suas posições conservadoras sobre temas como homofobia e violência policial.
O episódio ocorreu depois que a deputada Maria do Rosário, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, fez um pronunciamento ressaltando a importância da Comissão Nacional da Verdade - que investiga crimes políticos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).
"Que aqueles que torturaram sejam responsabilizados por seus crimes contra a humanidade", disse Maria do Rosário. "Os direitos humanos no Brasil só servem para defender bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e corruptos", rebateu Bolsonaro.
Além da ofensa sexual, o deputado chamou Maria do Rosário, ex-ministra de Direitos Humanos do governo Dilma Rousseff, de "mentirosa, deslavada e covarde" e classificou o atual governo de "comunista, imoral e ladrão".
Esta não é a primeira vez que Maria do Rosário é alvo de agressões de Bolsonaro. Em 2011, durante um debate sobre redução da maioridade penal, ele afirmou que só não a estuprava porque ela "não merece". Em seguida, Bolsonaro chamou Maria do Rosário de "vagabunda".
As instâncias competentes da Câmara dos Deputados foram acionadas à época, mas a acusação não teve maiores consequências. O deputado Amauri Teixeira, que presidia a sessão desta terça-feira, disse que irá solicitar a gravação do pronunciamento para que o caso seja examinado pelo Conselho de Ética da casa.