Bolsonaro diz que quer aliado como vice do Senado para pautar anistia em ausência de Alcolumbre

O ex-presidente também mandou um recado para o deputado federal Hugo Motta, favorito para presidir a Câmara, e disse que o PL pode iniciar obstrução se ele dificultar a votação do perdão aos golpistas

24 jan 2025 - 20h10
(atualizado às 21h13)

BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira, 24, que quer a vice-presidência do Senado para pautar o projeto de anistia aos presos dos Atos Golpistas de 8 de Janeiro em uma eventual ausência do senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito na eleição que vai ocorrer no próximo dia 1° de fevereiro. Segundo o ex-presidente, não é possível esperar até às eleições de 2026 para colocar em prática o plano de libertar os presos pela depredação dos Três Poderes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

"Estamos negociando, com esse apoio, é a primeira-vice-presidência. Você pode, em uma ausência do Alcolumbre, botar em votação, por exemplo, o projeto da anistia. A gente não quer esperar a anistia para o futuro presidente de direita, caso seja eleito em 2026 e vai tomar posse em 2027?, afirmou o ex-presidente em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, da Revista Oeste.

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A declaração confirma a estratégia do PL que foi revelada pelo Estadão no início da semana. O PL negocia participar da chapa de Alcolumbre, que deve ser eleito presidente do Senado com uma grande margem de votos, com um integrante próximo do ex-presidente na primeira vice-presidência para garantir a tramitação de textos de interesse da base bolsonarista.

Segundo o regimento interno do Senado, é o primeiro vice-presidente que assume o controle da Casa quando o presidente está ausente das atividades do Legislativo. Nesta ocasião, o parlamentar poderá colocar na pauta propostas que estão disponíveis para votação no plenário da Casa.

A defesa da estratégia adotada pelo PL foi o estopim para o embate entre Bolsonaro e o senador Marcos Pontes (PL-SP). Pontes quer se candidatar à Presidência do Senado, mesmo sem o apoio do ex-presidente, que classificou a atitude do parlamentar como "lamentável".

Atualmente, a proposta que busca perdoar os crimes cometidos pelos golpistas está em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta foi freada em outubro pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O favorito para sucedê-lo é deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), que também foi alvo de recados por parte de Bolsonaro na entrevista concedida à Revista Oeste.

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Segundo o ex-presidente, Hugo Motta prometeu que irá pautar a anistia caso a maioria da Câmara (257 deputados) aprove um requerimento de urgência. Bolsonaro disse ainda que, caso o paraibano resista a colocar o texto em apreciação, os parlamentares do PL vão iniciar uma obstrução (paralisação das votações na Casa).

"Ele sabe o que nós queremos. Não pode um presidente da Câmara simplesmente ignorar o regimento interno. Não digo os 95, mas uns 80 parlamentares têm como partir para a obstrução e complicar a vida do pessoal lá dentro", afirmou Bolsonaro.

O ex-presidente voltou a minimizar as acusações contra ele sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo Bolsonaro, durante a estadia nos Estados Unidos após deixar a Presidência, ele chegou a receber um convite para residir no país, mas não aceitou.

"Eu fiquei lá os três primeiros meses após dezembro de 2022 nos Estados Unidos. Eu não falo inglês, eu nem arranho. Eu acho que uns dois anos começaria a arranhar. Eu tive convite para ficar lá, eu fui tratado como um rei nos Estados Unidos", disse o ex-presidente.

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O ex-chefe do Executivo estava em Orlando, na Flórida, no dia dos Atos de 8 de Janeiro. Segundo ele, a ausência dele naquela data é uma prova de que ele não teve relação com o vandalismo. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) indiciou ele em três crimes por participar de um grupo que planejava uma ruptura democrática cujas atuações, segundo o inquérito, culminaram nas invasões aos prédios públicos.

"Golpe é quando o povo vai e o Exército vai atrás. Não teve um soldado na rua. Eles querem fazer uma vinculação comigo no 8 de Janeiro. Não houve golpe no 8 de Janeiro. Eu estava fora do Brasil, eu estava em Orlando. Talvez, segundo eles, eu estivesse organizando um golpe com o Pateta, com o Pato Donald e a Minnie ao meu lado", declarou Bolsonaro.

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