O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira, 29, em transmissão semanal pela internet, que haverá eleições em 2022, mas reiterou sua oposição ao atual sistema eletrônico de computação dos votos. "Eu quero eleições no ano que vem. Vamos realizar eleições no ano que vem, mas eleições limpas, democráticas, sinceras", declarou.
Ao lado de um 'analista de inteligência', a quem se referiu apenas como Eduardo, o chefe do Executivo atacou novamente o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, por fazer articulação junto a parlamentares para barrar a PEC do voto impresso, de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-SP), em comissão especial no Congresso. Segundo Bolsonaro, o magistrado convenceu integrantes do Legislativo a mudar a orientação de suas bancadas sobre a mudança do sistema eleitoral.
"Onde quer chegar esse homem que atualmente preside o Superior Tribunal Eleitoral? Quer a inquietação do povo? Quer que movimentos surjam no futuro, que não condizem com a democracia?", questionou.
O presidente afirmou, incorretamente, que as urnas eletrônicas funcionam com a mesma tecnologia desde 1996, quando passaram a ser utilizadas para contabilizar votos no Brasil. De acordo com informações do TSE, os aparelhos mantiveram apenas a aparência, mas os modelos foram trocados em 2008 por versões com alterações em dispositivos internos. O software sofreu diversas reformas a partir de vulnerabilidades detectadas em cinco testes públicos de segurança realizados entre 2009 e 2019.
Eleições em SP
Bolsonaro colocou em dúvida a legitimidade da apuração da eleição para a Prefeitura de São Paulo, realizada em 2020. Segundo ele, houve um padrão suspeito na sequência de computação dos votos. Para endossar sua tese, apresentou prints que mostram como a ordem dos candidatos na disputa manteve-se a mesma desde quando havia apenas 0,39% das urnas apuradas até o fim da contagem. Os porcentuais eram similares.
"Isso não é um indício fortíssimo de que algo estranho aconteceu? Em uma eleição em uma cidade grande como São Paulo há diferenças enormes de tendências de eleições. Um bairro mais pobre, o outro mais risco. Um bairro que a área representa mais comunidades, outra menos. A tendência é variar isso aí. E não variou", disse durante transmissão semanal nas redes sociais.
Após admitir que tal constatação não consiste em prova de fraude, Bolsonaro citou fatos desconexos, como a capital paulista ter o terceiro maior orçamento da Federação. Ele reiterou ataques ao presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, por se opor ao voto impresso.
"Devemos continuar acreditando em um homem apenas, no caso o presidente do TSE, que bate no peito e é o dono da verdade? Diz que as urnas são confiáveis, e ponto final. Vamos mudar o sistema, presidente Barroso", declarou. Bolsonaro atacou também a Corte ao dizer que "quem tirou o Lula da cadeia é quem vai contar os votos na sala escura do TSE".