Alvo no inquérito das fake news e em outras investigações, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (30) — sem apresentar evidências — que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes estaria preparando uma medida restritiva contra ele, eventualmente quando deixasse o governo.
A fala de Bolsonaro ocorreu em entrevista veiculada pelas redes sociais, após ter sido questionado por declaração no sábado em que havia citado prisão, morte ou vitória como perspectivas para seu futuro, apesar de rapidamente ter descartado a chance de ser preso.
"Tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, ser morto ou a vitória. Pode ter certeza: a primeira alternativa, preso, não existe", afirmou ele, ao participar de evento em Goiânia.
Nesta segunda, o presidente procurou esclarecer a declaração.
"Eu quis dizer que está uma pressão muito grande. Você pode ver, quando a gente fala em voto eletrônico, voto impresso, passou a ser crime. Quando você fala em tratamento precoce, passou a ser crime", explicou.
"E o ministro Alexandre de Moraes me colocou no inquérito das fake news, o inquérito do fim do mundo. Inquérito sem participação do Ministério Público. O que eles querem com isso aí? Aguardar o momento para me aplicar uma sanção restritiva, quem sabe quando eu deixar o governo lá na frente", acrescentou.
"Falei isso num momento de desabafo e não deixa de ser uma realidade", disse.
Bolsonaro chamou Moraes de "dono do inquérito" e que isso não pode ser feito. Ele disse que quer para o Brasil que as pessoas tenham liberdade de expressão.
A assessoria de imprensa do Supremo informou que Moraes não vai comentar a fala de Bolsonaro.
O presidente passou recentemente a ser um dos investigados no inquérito das fake news após ter realizado uma live na qual, apesar de ter prometido diversas vezes que apresentaria provas de fraudes em eleições passadas, mostrou apenas vídeos desmentidos anteriormente do que seriam indícios de fraudes e problemas nas urnas eletrônicas.
Bolsonaro insiste em mudar o modelo para voto impresso em urnas eletrônicas, mesmo com a proposta já tendo sido derrotada pelo plenário da Câmara.
7 de setembro
Bolsonaro disse que espera uma manifestação espontânea de brasileiros no feriado de 7 de setembro, Dia da Independência, e confirmou que vai participar de atos em Brasília e em São Paulo.
Segundo o presidente, a grande pauta da manifestação vai ser a liberdade de expressão, criticando que não pode uma pessoa no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — referência indireta ao presidente da corte, Luís Roberto Barroso, decidir tudo.
Apesar das falas de Bolsonaro, autoridades principalmente em Brasília estão preocupadas que os atos possam pedir, por exemplo, o fechamento do STF e têm buscado reforçar a segurança do centro do país e apaziguar os ânimos.