Bolsonaro é recebido sob gritos de apoio e protesto na Itália

Presidente brasileiro está em Anguillara Vêneta, onde receberá o título de cidadão honorário nesta segunda-feira, 1º

1 nov 2021 - 10h46
(atualizado às 11h17)

Sob gritos de apoio e protesto, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido nesta segunda-feira, 1º, em Anguillara Vêneta, comuna da província de Pádua, no interior da Itália, onde nasceram e viveram os antepassados do chefe do Executivo. Lá, recebe ainda hoje o título de cidadão honorário.

A prefeita da pequena cidade de 4 mil habitantes, Alessandra Buoso, é a idealizadora da homenagem ao presidente. Anguillara Vêneta é terra natal de um dos bisavôs de Bolsonaro. A outorga à honraria foi aprovada pelo poder legislativo local sob protestos da comunidade e de grupos ligados à causa ambiental. Na sexta-feira, militantes chegaram a pichar "Fora, Bolsonaro" nas paredes da prefeitura.

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Bolsonaro durante transmissão ao vivo pelas redes sociais em Anguillara Vêneta, cidade italiana onde recebeu o título de cidadão honorário.
Bolsonaro durante transmissão ao vivo pelas redes sociais em Anguillara Vêneta, cidade italiana onde recebeu o título de cidadão honorário.
Foto: Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro / Estadão

Em transmissão pelas redes sociais antes do evento, Bolsonaro disse estar sentindo uma "emoção muito grande" por "encontrar os parentes" e "rever as raízes". Essa é a primeira viagem do presidente à Itália.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram que a chegada de Bolsonaro à Villa Arca del Santo, local onde o presidente receberá o título de cidadão honorário, foi tumultuada, com forte presença da imprensa, apoiadores aos gritos de "mito" e seguranças do presidente. Perto dali, numa praça da cidade, centenas de manifestantes contrários ao chefe do Executivo brasileiro usaram faixas de "Fora, Bolsonaro", cartazes e camisetas com mensagens contrárias ao político brasileiro e à concessão do título honorário.

A frase "Salvini cretino, Bolsonaro assassino" foi repetida pelos manifestantes, em referência ao senador italiano de ultradireita Matteo Salvini. Comentários em relação à postura negacionista de Bolsonaro durante a pandemia também foram feitos pelos manifestantes.

De acordo com a programação oficial divulgada pelo governo, após a cerimônia, que deve contar com a presença de parentes distantes do presidente, Bolsonaro será recebido em almoço organizado pela prefeita Alessandra Buoso, filiada ao partido de ultradireita Liga.

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Nos atos convocados pelas redes sociais contra Bolsonaro, os manifestantes ligados a movimentos sociais dizem que "não é preciso muita análise" para dizer que a presença do chefe do Executivo brasileiro na cidade "é indesejável".

"Nos últimos anos, Bolsonaro se tornou um dos principais baluartes da negação - tanto pandêmica quanto climática - do racismo mais vulgar, colonialismo e sexismo. Por estes motivos não aceitaremos sua presença na cidade", diz o texto de convocação para o evento, que no Facebook tem quase mil presenças confirmadas.

A solenidade de entrega do título honorário não deverá ser transmitida ao vivo, esclarece a equipe de comunicação que acompanha o presidente na Itália. A passagem de Bolsonaro pela Itália se encerra nesta terça-feira, 2.

Depois de receber título honorário Bolsonaro deverá visitar hoje a Basílica de Pádua, segundo informa a agenda oficial do chefe do Executivo. O compromisso ocorre após a igreja local emitir nota, na semana passada, em tom crítico ao governo e com citação a "constrangimento" com a homenagem oferecida ao presidente.

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Visita à Basília de Pádua

"Não é oculto que a concessão da cidadania honorária tem gerado muito constrangimento para nós", afirmou, por meio de nota oficial, a Basílica de Pádua na última quarta-feira. O texto lembra as mais de 600 mil mortes causadas pela covid-19 no Brasil e diz que a gestão da pandemia está "sob holofotes".

"A Igreja de Pádua, tornando-se porta-voz de um sentimento difundido e em virtude do vínculo que une o Brasil à nossa terra, aproveita a possível passagem para Anguillara Veneta do presidente Bolsonaro, para pedir-lhe de todo o coração que seja promotor de políticas que respeitem a justiça, a saúde, o meio ambiente, especialmente de apoio aos pobres", acrescenta a Basílica, na nota.

Representante brasileiro da COP-26

Bolsonaro optou por não participar da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, em Glasgow, Escócia, onde estarão reunidos os principais líderes globais, para marcar presença na agenda pessoal na cidade de origem de sua família.

Para o evento da ONU, o governo decidiu enviar como chefe da delegação o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, como uma "estratégia", na explicação de Bolsonaro. O vice-presidente Hamilton Mourão, no entanto, disse que a ausência do chefe do Executivo seria para evitar pedradas, já que o Brasil é bastante criticado no exterior por sua política ambiental.

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Violência em Roma

Jornalistas brasileiros que acompanhavam Bolsonaro em Roma, onde ele participou da Cúpula de Líderes do G-20 no fim de semana, relataram nesse domingo, 31, agressões por parte da equipe de segurança do presidente. As hostilidades aconteceram, conforme os relatos, antes e durante uma caminhada improvisada do chefe do Executivo com apoiadores que se reuniram frente à embaixada do Brasil.

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