O presidente Jair Bolsonaro interrompeu os trabalhos no Palácio do Planalto por mais de 1h nesta quinta-feira, 6, para assistir e comentar um discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Quando atrapalha os EUA atrapalha aqui também. Ninguém fique aqui pensando que eu estou bajulando o Trump", disse Bolsonaro, que fez uma transmissão na internet enquanto acompanhava o discurso.
Trump falou no dia seguinte ao Senado americano rejeitar um processo de impeachment contra ele. A tradução do discurso foi feita a Bolsonaro por um auxiliar. Bolsonaro afirmou que, assim como nos EUA, há "traíras" que rondam o presidente no Brasil. "Lá também pintou um traíra", disse, referindo-se ao senador republicano Mitt Romney, que votou pela saída de Trump do cargo de presidente. "Nunca mais será esquecido, assim como os traíras daqui que se elegeram e deram as costas para mim e se bandearam para o outro lado", afirmou Bolsonaro.
O presidente disse que "uma parte do PSL" se apropriou do partido por interesses que "falaram mais alto". "Se tivesse um processo de impeachment aqui, os traíras votariam contra (o presidente), apesar de terem sido eleitos graças a minha popularidade, do apoio e confiança que tive de você eleitor brasileiro", disse Bolsonaro mirando o celular que fazia a transmissão pelas redes sociais.
Após racha interno no PSL em 2019, Bolsonaro passou a trabalhar para tirar do papel a tempo das eleições municipais o Aliança Pelo Brasil.
Bolsonaro disse ainda que é semelhante a suposta perseguição que ele e Trump sofrem da imprensa e de grupos de esquerda. "Não é muito diferente do que fazem muitas vezes comigo. Fazem (a imprensa) um estardalhaço por uma palavra no meio de um discurso de 40 minutos", declarou.
"Ele (Trump) fala sobre o sofrimento da família. não é diferente do que eu passo aqui", disse Bolsonaro, ao reforçar que é perseguido. "Todos meus filhos estão sendo investigados. Todos, sem exceção", emendou.
Ao final do discurso, Bolsonaro afirmou que assistiu à fala de um "grande líder mundial" e que não poderia ficar indiferente ao processo de impeachment contra Trump. "Eu torci para que chegasse a um bom termo. Se os EUA têm menos problemas, indiretamente também teremos menos problemas."
Bolsonaro afirmou que viaja em março aos Estados Unidos, mas que não sabe se terá encontro com Trump. "Brasil recuperou parte da confiança do mundo", repetiu.
Além da "live" feita no começo da tarde para acompanhar o discurso de Trump, Bolsonaro ainda fará nova transmissão nas redes sociais às 19h desta quinta-feira, 6.