O registro de uma reunião secreta ocorrida em julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro convocou ministros e comandantes militares para debater uma ofensiva contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a credibilidade das eleições, é considerada pela Polícia Federal (PF) uma das principais provas de que houve movimentação para um golpe de Estado no país. As informações são da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
Participaram da reunião comandantes militares, ministros e assessores, além de Bolsonaro. Confira a seguir, nominalmente, quem estava na reunião:
- General Augusto Heleno, então comandante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
- Paulo Guedes, então ministro da Economia
- General Walter Braga Netto, então candidato a vice na chapa de Bolsonaro
- Célio Faria Junior, então ministro da Secretaria de Governo.
- Anderson Torres, então ministro da Justiça
- Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa
- Mário Fernandes, então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência
Na gravação, Bolsonaro aparece exaltado, criticando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ainda afirma que todos ali precisam agir antes das eleições. Ao seu lado estão Walter Braga Netto, que na época havia deixado cargos no governo para concorrer como vice na chapa de Bolsonaro, e Célio Faria Junior, então ministro da Secretaria de Governo.
O então ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi um dos principais apoiadores de Bolsonaro junto ao empresariado, demonstrou poucas reações. Ele, no máximo, coçou a cabeça quando o presidente ordenou que seus ministros disseminassem desinformação sobre o processo eleitoral.
O general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, também esteve presente na reunião. As investigações da PF apontam que ele desempenhou um papel ativo na tentativa de golpe, coordenando ataques contra militares da alta cúpula das Forças Armadas que "resistiam às investidas golpistas, por respeitarem a Constituição Federal". Em mensagens obtidas pela PF, o ex-ministro da Defesa referiu-se ao ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, como "cagão", após tomar conhecimento de que ele não havia concordo com o golpe.
No ano passado, Anderson Torres, então ministro da Justiça, foi preso por suposta omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele participou ativamente na reunião, chegando a ecoar a orientação de Bolsonaro para que os ministros divulgassem informações falsas sobre as urnas.