Bolsonaro homenageia capitão da PM assassinado na ditadura

Presidente tirou foto ao lado do retrato do policial e visitou posto de gasolina onde militar foi morto em 1970

4 set 2020 - 17h58
(atualizado às 18h04)

Em visita à região do Vale do Ribeira (SP), onde passou parte da infância e adolescência, o presidente Jair Bolsonaro cancelou um evento oficial e passou o dia em "agendas privadas". Em uma delas, o presidente prestou homenagem ao capitão Alberto Mendes Jr., patrono da Polícia Militar, assassinado por integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, em maio de 1970, durante a ditadura militar.

19/08/2020
REUTERS/Adriano Machado
19/08/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Bolsonaro posou para fotos ao lado do retrato do policial em visita de cortesia ao comando da PM de Registro. Antes, o presidente visitou de surpresa um posto de gasolina em Sete Barras - onde o militar foi morto - e visitou de surpresa a cozinha do restaurante. A cena foi registrada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e postada nas redes sociais.

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Depois, Bolsonaro ficou cerca de uma hora e meia no posto operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), também em Registro.

A imprensa foi proibida de cobrir as visitas. No posto da PRF, Bolsonaro ficou cerca de uma hora e meia na beira da estrada acompanhado de policiais, do filho Eduardo, do ministro da Justiça, André Mendonça, e do irmão, Renato.

A PRF interditou uma das pistas da rodovia Régis Bittencourt para que o presidente e seus convidados pudessem ficar na estrada, à vista dos motoristas que passavam. Bolsonaro acenou para alguns, mas a maior parte do tempo ficou de braços cruzados na pista olhando o movimento dos carros. A visita provocou um congestionamento de aproximadamente 10 quilômetros no sentido São Paulo-Curitiba.

A assessoria do Planalto não explicou o motivo das visitas fora da agenda oficial. Indagado, Renato Bolsonaro respondeu: "não sei, pergunta para ele".

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Nas agendas privadas, Bolsonaro estava acompanhado de todo o aparato presidencial. Eram dez carros de passeio, três vans, uma UTI móvel e uma ambulância, além de batedores da PRF e carros da Polícia Militar. Dezenas de militares faziam a guarda no local impedindo a passagem de jornalistas. O trânsito da rodovia chegou a ser totalmente bloqueado para que um grupo de aproximadamente 20 apoiadores do presidente pudesse atravessar a pista e cumprimentar Bolsonaro.

O presidente cancelou o único compromisso oficial marcado para a sexta-feira na região, uma visita ao complexo educacional Sesi/Senai que funciona desde o início do ano.

Segundo Renato Bolsonaro, o motivo foi o mal tempo que impediu a decolagem dos helicópteros presidenciais. O presidente dormiu em Eldorado, na casa de sua mãe, dona Olinda, onde cumpriu compromissos na véspera.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, um dos maiores aliados de Bolsonaro na região, também não pôde comparecer por causa do mal tempo.

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Dezenas de convidados esperaram em vão pela presença do presidente das 9h até 11h30. Segundo o governo de São Paulo, o evento desrespeita o decreto estadual que determina as regras do Plano São Paulo. Todo o Vale do Ribeira está na fase laranja do plano, na qual é proibido qualquer tipo de evento público.

A Fiesp, responsável pela obra, se resumiu a dizer que a visita "foi preparada de acordo com os protocolos de segurança, com medição de temperatura na entrada, álcool gel e distanciamento" e não respondeu sobre as normas estaduais.

Embora as cadeiras para os convidados tenham sido colocadas a 1,5m de distância, os presentes não respeitaram o distanciamento e se agruparam em rodinhas enquanto esperavam Bolsonaro.

A obra consumiu R$ 36,7 milhões e vai atender 768 alunos da região. Segundo a Fiesp, 34% são filhos de trabalhadores da indústria e 66% das comunidades locais. A construção foi bancada pelo Sesc/Senai e o terreno foi comprado e cedido pela prefeitura de Registro em 2009, na época sob o comando do PT.

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