Bolsonaro ignora guerra na Ucrânia e lidera motociata em SP

Presidente liderou 'motociata' ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, seu provável candidato ao governo de São Paulo

24 fev 2022 - 14h55
(atualizado às 15h22)
Presidente Jair Bolsonaro - 22/02/2022
Presidente Jair Bolsonaro - 22/02/2022
Foto: REUTERS/Adriano Machado

Ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, seu provável candidato ao governo de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou uma 'motociata', caminhou entre apoiadores, defendeu seu governo e não fez qualquer referência à crise da Ucrânia, nesta quinta-feira, 24, em São José do Rio Preto, no interior paulista.

Durante a visita, que teve clima de campanha, o presidente evitou a imprensa e, sem citar a invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia, criticou o regime comunista. "Comunismo é um fracasso, socialismo é uma desgraça. Nós somos a maioria, nós vamos mudar o destino do Brasil", disse, em discurso a apoiadores.

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Na madrugada desta quinta-feira, o líder comunista e presidente russo Vladimir Putin autorizou uma operação militar contra a Ucrânia e houve registros de ataques e explosões em várias regiões do país. Na viagem que fez à Rússia, na semana passada, o presidente brasileiro manifestou "solidariedade" a Putin em relação à crise com a Ucrânia.

A manifestação gerou mal-estar diplomático por ser contrária à tradicional postura de neutralidade do Brasil em conflitos internacionais. Após o encontro com o presidente russo, Bolsonaro chegou a afirmar que "coincidência ou não" parte das tropas deixaram a fronteira com a Ucrânia - o que não aconteceu de fato, como mostram os ataques desta madrugada.

Bolsonaro chegou ao local do evento na carroceria de uma caminhonete, à frente de uma 'motociata' com centenas de participantes, acompanhado pelo ministro Tarcísio. Durante 12 minutos, ele caminhou em meio aos apoiadores, distribuindo abraços, apertos de mão e posando para selfies.

Em coro, Bolsonaro era chamado de "mito" e Tarcísio de "governador". O ministro também deu autógrafos. O presidente fez um discurso político, no qual praticamente ignorou o motivo de sua ida à cidade, deixando de dar qualquer detalhe sobre a obra inaugurada. Atacado por seus adversários por ter dificultado a vacinação e defendido a abertura das atividades durante a pandemia de covid-19, que já causou quase 650 mil mortes no país, ele defendeu as ações do seu governo e criticou os governadores.

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"Vimos e sentimos na pele protótipos de ditadores por todo o Brasil. E esses aprendizes de ditadores tomaram medidas que afetaram diretamente a nossas vidas. Tive e tenho poder de fechar todo o Brasil por decreto, jamais cogitei isso, porque a liberdade está em primeiro lugar. Quase todos os governadores obrigaram o povo a ficar em casa e não pensaram nas consequências."

Ele disse que, como esperava e previa, a situação está voltando à normalidade, o dólar está caindo e a moeda brasileira é uma das que mais valorizaram. "Ser líder não é estar ao lado do politicamente correto, ser líder é decidir. Em todos os momentos que vocês desejaram eu decidi. Decidi estar ao lado do povo. Não abandonei vocês em momento algum. No auge da pandemia estava no meio de vocês, visitando o Brasil e as periferias. Não me escondi no Palácio do Planalto, com tudo ao meu lado, enquanto vocês passavam necessidade."

Em recado aos seus eleitores, pediu que se orgulhassem do que fizeram em outubro de 2018, quando o elegeram presidente. "Hoje temos um presidente que acredita em Deus, que respeita seus militares, que defende a família e pede lealdade ao povo que são vocês. Quem dá o voto são vocês, os que decidem são vocês", disse.

Sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que aparece como seu principal adversário nas eleições deste ano, ele criticou os governos petistas. "Quero que vocês voltem a 2018 e pensem que, se aquela facada tivesse sido fatal, quem estaria no meu lugar? Como estaria o nosso Brasil, não apenas na questão da economia, mas de um bem maior, muito mais valioso do que a nossa própria vida, que é nossa liberdade."

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O presidente participou da inauguração da obra de duplicação de um trecho da rodovia Transbrasiliana (BR-153), que corta a área urbana de Rio Preto. A cerimônia aconteceu no km 68,5 da rodovia, onde foi montada uma grande estrutura para receber os políticos e convidados.

Prefeitos da região levaram comitivas com bandeiras do Brasil e vestindo camisas com a estampa de Bolsonaro, dando um tom de campanha ao evento. Quando uma viatura do Batalhão de Ações Especiais (Baep) se aproximou, houve vaias e gritos de "fora polícia do Doria". A PM participou do esquema de segurança do presidente.

Ao ser anunciado, o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), foi vaiado e xingado. Chamado para o discurso, o anfitrião do presidente quase não conseguiu ser ouvido sob um coro de vaias dos bolsonaristas e gritos de "fora". Bolsonaro não saiu em defesa do seu anfitrião.

O presidente inaugurou 18,5 km de pista dupla com 13 viadutos, uma ponte e oito passarelas de pedestres. A obra começou em 2013, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas sofreu vários atrasos. Bolsonaro inaugurou também uma base da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no km 69 da BR-153. Na companhia do ministro João Roma, da Cidadania, entregou ainda cartões do Auxílio Brasil para beneficiários da cidade.

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