Em mensagem a apoiadores que vão participar dos atos deste domingo, 1º, em protesto contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), o presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, 30, que as pessoas vão às ruas porque não abrem mão da liberdade. "Amanhã, não será um dia de protestos, será um dia de união do nosso povo para um futuro cada vez melhor a todos nós", afirmou o presidente, reforçando o discurso do bolsonarismo de que as manifestações serão pela "liberdade de expressão".
A fala sobre os atos ocorreu em agenda oficial do presidente na cerimônia de abertura da ExpoZebu, maior feira de gado zebu do mundo que acontece em Uberaba (MG). "Quero dizer a todos vocês que, por ventura, forem às ruas amanhã, não para protestar, mas para dizer que o Brasil está no caminho certo, que o Brasil quer que todos joguem dentro das quatro linhas da Constituição, e dizer que não abrimos mão da nossa liberdade", discursou.
O presidente não confirmou presença nos protestos deste domingo, convocados em meio à escalada de enfrentamento aos ministros do STF e à Justiça Eleitoral, marcada por um ato dentro do Palácio do Planalto, na quarta-feira, 27, em que Bolsonaro colocou as eleições em suspeição e sugeriu uma contagem de votos pelas Forças Armadas.
Como mostrou o Estadão, as cúpulas do Congresso e do STF temem um agravamento da tensão em atos de 1.º de Maio convocados pelos bolsonaristas. Daniel Silveira, que recebeu perdão de Bolsonaro após ser condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por incitar agressões a ministros e atentar contra a democracia ao defender, em vídeos, o fechamento da Corte, é esperado no Rio e em São Paulo.
Nesta sexta-feira, ministros do Supremo deram, em ocasiões distintas, declarações públicas em defesa da Constituição e da lisura do processo eleitoral brasileiro, colocado em xeque por Bolsonaro. Trataram do tema quatro dos 11 integrantes da Corte.
Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto, defendeu a Constituição e garantiu a posse de todos os eleitos em outubro: "Não Importa quem". Edson Fachin, atual presidente do TSE, disse que a Justiça Eleitoral não está aberta a intervenção. Luís Roberto Barroso afirmou que a democracia "só não tem lugar para quem quer destruí-la". Já Ricardo Lewandowski minimizou a crise e afirmou que não há grupo político com poder de desestabilizar as instituições.
As declarações dos ministros do STF em defesa do processo eleitoral ocorrem um dia depois de manifestações públicas dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), no mesmo sentido.
No evento deste sábado, Bolsonaro usou o palanque da feira para colocar em destaque o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e cotado para ser seu vice na chapa pela reeleição em outubro. "Tem coração maior do que o meu Brasil", afirmou o presidente ao apresentar Braga Netto ao público que compareceu à abertura da ExpoZebu.
*A repórter viajou a convite da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)