Após a repercussão de sua visita a um túmulo de combatentes comunistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar, ainda que nas entrelinhas, a homenagem prestada aos militares soviéticos mortos durante a viagem oficial a Moscou. "Soldado é simplesmente soldado", escreveu o presidente no Facebook, junto a um vídeo do evento.
Na quarta-feira, 16, no seu primeiro compromisso oficial da viagem à Rússia, Bolsonaro participou de cerimônia em homenagem a soldados do então exército soviético mortos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), época em que a Rússia era a comunista União Soviética.
Ele fez entrega de flores no monumento conhecido como "túmulo do soldado desconhecido", construído em memória de combatentes mortos sem identificação durante o confronto com os nazistas.
Junto aos Estados Unidos, os soldados da União Soviética tiveram papel decisivo para a derrota das tropas alemãs de Adolf Hitler na guerra.
Na postagem de hoje, Bolsonaro reconheceu que o monumento foi erguido em nome dos soldados soviéticos - mas não citou que à época regime político da atual Rússia era o comunismo.
"O marco é para lembrar as perdas humanas da URSS durante a Segunda Guerra Mundial", limitou-se a escrever o presidente, abreviando União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
A homenagem com referências ao passado comunista da Rússia acontece no momento em que Bolsonaro tenta reciclar o discurso de combate à esquerda e ao comunismo, de olho nas eleições de 2022
A visita de Bolsonaro ao monumento gerou reação nas redes sociais. Enquanto muitos viram contradição na agenda, após as reiteradas críticas do presidente à esquerda, aliados e simpatizantes do governo defenderam o compromisso oficial, com a alegação de que soldados apenas servem a governos de plantão.