O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta segunda-feira, 19, ver com ceticismo a aprovação na Câmara da proposta sobre o voto impresso para as próximas eleições. A apoiadores hoje, o presidente afirmou: "Eu não acredito mais que passe na Câmara a proposta do voto impresso, tá? A gente faz o possível, mas vamos ver como é que fica".
Na sexta-feira, 16, sessão da comissão especial da Câmara sobre o assunto que analisaria relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) foi encerrada antes da apreciação da matéria, a fim de evitar que o texto pudesse ser derrotado. Conforme o Broadcast Político, 11 partidos se articularam para derrubar o texto, com apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que são contra a mudança patrocinada pelo Palácio do Planalto. Barros alegou que precisaria de mais tempo para fazer alterações em seu parecer e pediu para que o texto fosse retirado da pauta do dia. A sessão foi adiada para agosto, após recesso parlamentar.
Presidente colocou candidatura em dúvida
Bolsonaro disse não acreditar que a proposta de voto impresso seja aprovada na Câmara e chegou a sugerir que, se o sistema eletrônico de votação não for substituído, pode abrir mão de concorrer à reeleição, em 2022.
"Eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar a eleição. Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um, mas uma eleição limpa. Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica... Alguns falam: 'Ah, o Bolsonaro foi reeleito tantas vezes com o voto eletrônico...'. Vê o pessoal de banco aí, do sistema bancário. Se usassem a mesma tecnologia dos anos 2000, 1990, não teria segurança nenhuma", disse.
A implementação do voto impresso vinha sendo defendida pelo presidente Jair Bolsonaro com mais fervor conforme as pesquisas de opinião mostravam aumento das intenções de voto ao ex-presidente e provável concorrente em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A defesa da pauta criou crises entre os Poderes, depois que Bolsonaro reforçou abertamente críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial, ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e opositor da medida.
Uma reunião para contornar o mal-estar entre Executivo e Judiciário foi convocada para a semana passada com os chefes dos Poderes. O encontro acabou não acontecendo por causa de internação às pressas de Bolsonaro para tratar de obstrução intestinal.
Declarações polêmicas
Hoje o presidente reforçou que está ficando "sem paciência", entretanto, aos pedidos de uma apoiadora para que não desanime, Bolsonaro voltou a repetir que é "imbroxável". Um dia após ter deixado o hospital para tratamento de uma obstrução intestinal, o presidente também brincou com apoiadores e disse que está com saudades de comer um churrasquinho.