Um terço dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2018 está arrependido e afirma que não votará nele de jeito nenhum no ano que vem. Esses ex-bolsonaristas agora tendem a optar majoritariamente por Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Os dados são de pesquisa do instituto Ipec.
Dos entrevistados pelo instituto que disseram ter apoiado Bolsonaro na última eleição presidencial, menos da metade (44%) afirma que "com certeza" voltará a votar nele. Outros 18% dizem que poderão vir a fazê-lo. Para 34%, isso está fora de cogitação.
É significativo o contingente de arrependidos que saltou para a outra ponta da polarizada política brasileira: nada menos que um em cada quatro (25%) dos eleitores do atual presidente agora afirma que "com certeza" votará em Lula. E mais 13% admitem a possibilidade de fazê-lo. Ou seja, 38% dos que votaram em Bolsonaro veem agora o seu principal rival com alguma simpatia.
Entre os que optaram pelo PT em 2018, o número de arrependidos dispostos a aderir ao bolsonarismo é quase insignificante. Apenas 4% dos eleitores do petista Fernando Haddad agora dizem que votariam com certeza ou poderiam votar em Bolsonaro. Para 93% deles, não há nenhuma chance de apoiar a reeleição do atual presidente.
Tendências
Em resumo, os números mostram que, do lado do PT, o antibolsonarismo continua acirrado. Mas, entre os bolsonaristas de 2018, o antipetismo já não é um tema unificador.
Dos responsáveis pela eleição de Bolsonaro, 59% dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum. Mas outros políticos têm níveis de rejeição similares. É o caso do tucano João Doria, também com 59%, e de Ciro Gomes, do PDT, com 57%.
Não apenas entre os eleitores de Bolsonaro há arrependidos. No contigente que votou nulo ou em branco no segundo turno de 2018, metade agora afirma que "com certeza" votará em Lula, e apenas 6% dizem que seguramente optarão por Bolsonaro.
Nos números gerais, divulgados na sexta-feira, 25, a pesquisa Ipec mostrou Lula com 49% das intenções de voto, e Bolsonaro com 23%. Ciro teve 7%, Doria, 5%, e Henrique Mandetta, do DEM, 3%.
Seguindo protocolos de segurança contra o coronavírus, o Ipec entrevistou, presencialmente, 2.002 eleitores em 141 municípios brasileiros. A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 21 de junho de 2021. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O Ipec foi criado por ex-executivos do Ibope e segue a mesma metodologia do antigo instituto.