O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". A reunião foi a última da qual o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro participou e faz parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga se Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal, como acusou Moro.
"Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador, está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.
"A preocupação minha sempre foi depois da facada, de forma bastante direcionada para a segurança minha e da minha família", disse ele, quando questionado se citou a proteção de sua família ao abordar a mudança no comando da Polícia Federal, durante a reunião com ministros. "A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família", argumentou. "Quem trata da segurança da minha família é o GSI", acrescentou, numa referência ao Gabinete de Segurança Institucional.
O presidente também afirmou que entregou a gravação para evitar comentários de que ele teria sumido com o vídeo, porque seria comprometedor. "Entreguei por dois motivos. Primeiro, porque acredito na verdade. A verdade está lá", disse ele, sem citar o segundo motivo. "O vídeo é meu. O vídeo não é oficial, mas é meu". Bolsonaro observou, ainda, que a gravação está "sob sigilo", mas que a qualquer momento isso pode ser retirado.
Presidente diz que tem "zero motivo" para preocupação com vídeo
Bolsonaro afirmou ainda tem "zero motivo" para se preocupar com a divulgação do vídeo da reunião. No entanto, disse que "por uma questão de confidencialidade" assuntos estranhos ao inquérito não podem ser divulgados. "Esse vídeo pode ser todo mostrado a vocês, exceto quando se trata das questões de política externa e segurança nacional", afirmou ele para jornalistas.
De acordo com o presidente, as imagens da reunião foram captadas apenas para registro e a "fita" poderia ter sido destruída após a gravação. "A fita deveria ser destruída (...) e poderia ter dito isso à Justiça. Mas jamais faria isso", observou o presidente.
Bolsonaro voltou a minimizar o depoimento de Moro, que o acusou de interferir politicamente na Polícia Federal. "O depoimento do Moro, com todo respeito, quem leu e leu com isenção, viu que não tem acusação nenhuma. O do (Maurício) Valeixo, a mesma coisa. Esse vídeo agora é a última cartada midiática usando da falácia e da mentira para tentar achar que eu tentei interferir na PF", declarou.
O presidente também negou ter pressionado Valeixo, ex-diretor-geral da Polícia Federal, para sair do cargo e disse que, desde o ano passado, o delegado estava "cansado" e queria sair. A dispensa de Valeixo foi o pivô do desentendimento entre Moro e o presidente e o fator que desencadeou a saída do ex-juiz da Lava Jato do governo.