Bolsonaro: 'Vou tomar por último, tem muita gente apavorada aguardando a vacina'

Bolsonaro já está apto a receber a vacina, mas decidiu por não receber o imunizante

17 abr 2021 - 11h29
(atualizado às 11h58)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira, 16, que pretende tomar a vacina da covid-19 "por último". A declaração foi feita a apoiadores que o esperavam em frente ao Palácio da Alvorada. Crítico da vacina - tendo declarado anteriormente que não pretendia receber o imunizante - o presidente justificou a decisão pelo fato de haver "muita gente apavorada" esperando pela vacina.

"O que acontece, tem muita gente apavorada aí aguardando a vacina, então deixa as pessoas tomarem na minha frente. Vou tomar por último. Eu acho que essa é uma atitude louvável. Porque tem gente que não sai de casa, está apavorado dentro de casa", disse Bolsonaro. Aos simpatizantes, o presidente chegou a se queixar que a imprensa teria criticado a sua decisão de se vacinar por último. "Em vez da imprensa me elogiar, me critica", citou.

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Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade, Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril, mas decidiu não se vacinar. Um dos argumentos do presidente para não receber o imunizante é o fato de já ter contraído o vírus em julho do ano passado. No entanto, casos de reinfecção têm sido registrados no País, além de novas variantes do vírus.

A resistência do presidente também decorre da sua desconfiança da eficácia dos imunizantes. Além de desestimular medidas para conter o contágio pelo vírus ao longo de toda a pandemia, Bolsonaro também, por diversas vezes, colocou em dúvida a segurança das vacinas, mesmo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso de imunizações no País.

Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,17% da população já foram vacinados com a primeira dose. O País, contudo, avança em ritmo lento na imunização e acumula desde o início da pandemia mais de 369 mil mortes pelo novo coronavírus.

Com a alta nos casos e mortes registrada desde o mês passado, o presidente e o governo ajustarem o discurso quanto à vacinação. O chefe do Executivo e aliados passaram a defender a imunização para a retomada da economia. Agora, o governo tenta compensar o atraso nas negociações das vacinas e seus insumos. O Ministério da Saúde também não tem atualizado os cronogramas de entregas das vacinas, depois de críticas por recuos nas previsões de doses que chegariam a cada mês ao Brasil.

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Ontem, após o apelo de governadores que se reuniram ontem com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), a instituição anunciou a antecipação da entrega de doses ao Brasil. Nesta manhã, o Ministério da Saúde informou que o governo brasileiro deve receber 4 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 em maio, fruto do consórcio Covax Facility.

Segundo a pasta, os imunizantes serão adquiridos via Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS). O primeiro lote da Covax Facility foi entregue em março com pouco mais de 1 milhão de doses da AstraZeneca/Oxford, produzidas na Coreia do Sul pelo laboratório SK Bioscience.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também informou na quarta-feira, 14, que a farmacêutica Pfizer deve antecipar o envio de cerca de dois milhões de doses ao Brasil no primeiro semestre. A previsão de entrega até junho desta vacina é de 15,5 milhões de doses. No total, o governo contratou 100 milhões de doses da Pfizer após meses de negativas a ofertas da empresa. Bolsonaro alega não ter aceitado as ofertas da empresa no ano passado porque o imunizante ainda não tinha a aprovação da Anvisa.

O atraso na aquisição dos imunizantes pelo governo, bem como a falta de insumos e medicamentos estão na mira da CPI da covid-19 no Senado, criada nesta semana após determinação do Supremo Tribunal Federal. O colegiado deverá investigar as ações e omissões do governo federal durante a crise sanitária e os repasses de recursos a Estados e municípios.

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