O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu 10.214 presentes entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022, período do mandato. Isso representa, em média, sete presentes por dia, conforme apuração do jornal O Globo. A lista de presentes consta no relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso da venda ilegal de joias.
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De acordo com o jornal, além das joias e relógios que são os alvos de investigação, a lista traz camisetas de times de futebol, ursos de pelúcia, kit de vacinação, entre outros itens. A relação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito.
Na última semana, Jair Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos no inquérito das joias. Além dele, outros 11 aliados foram indiciados, como seu assessor de imprensa e advogado, Fabio Wajngarten.
Conforme a lista, o presente mais recebido por Bolsonaro foi camisetas. No total, foram 2,6 mil, sendo 444 delas de times de futebol. Com o símbolo do Palmeiras e nas cores do time paulista, clube que o ex-presidente torce, ele recebeu camisas, caneta, copos, bandeiras e até tábua de carne.
Na sequência, aparecem bonés (recebeu 618), canecas (372) e esculturas (290). Bolsonaro também ganhou 41 capacetes de motocicletas e um violão acústico durante um evento em Goiânia. A peça estava autografada pelos cantores Amado Batista, Gusttavo Lima e Marrone, da dupla com Bruno.
Outros presentes recebidos foram pistolas personalizadas, espadas, facas e munição. Também há duas bonecas e um kit de vacinação. O kit, pintado na cor verde e amarela e escrito 'Bolsonaro', trazia uma pistola de vacinação com manual de instruções, tubo de vidro, agulhas em metal e borrachas de vedação. Ao longo do mandato, Bolsonaro fez várias críticas à vacinação, sem embasamento científico.
Ainda conforme o jornal, entre os itens mais luxuosos, estão 54 colares, 47 relógios e 41 pulseiras. Ele também recebeu amostras de pedras e metais como ouro, grafeno e quartzo.
Após o indiciamento, a defesa de Bolsonaro afirmou, por meio de nota, que os presentes ofertados à Presidência "obedecem a um rígido protocolo de tratamento e catalogação e sobre o qual o chefe do executivo não tem qualquer ingerência, direta ou indireta".
"Importa, ainda, lembrar que o ex-Presidente Bolsonaro, desde que foi noticiado, em março do ano passado, que o Tribunal de Contas da União havia aberto procedimento voltado a avaliar a destinação dos bens aqui tratados para o acervo privado de Presidência da República, antes mesmo de qualquer intimação ou ciência oficial, compareceu de forma espontânea aos autos e requereu que os referidos bens fossem, desde logo, depositados naquela Corte de Contas", acrescentou ao jornal.
Caso das joias
Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF no inquérito das joias, na quinta-feira, 4. Quando era presidente, Bolsonaro recebeu três pacotes de joias do governo saudita, avaliados em R$ 16,5 milhões. Segundo a PF, o governo do ex-presidente teria tentado trazer as joias ao Brasil de forma ilegal. Bolsonaro e ex-assessores são investigados por se apropriarem indevidamente dos itens.
Na última segunda-feira, 8, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do inquérito e deu 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o caso. Com mais de 400 páginas, o relatório da PF traz uma série de elementos que indicam a participação de Bolsonaro no desvio e na venda de presentes de luxo recebidos durante seu mandato na Presidência da República.
Mensagens, fotografias e documentos analisados pela investigação mostram que o ex-presidente sabia do esquema que, segundo a PF, desviou R$ 6,8 milhões em joias da União. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.
*Com informações do Estadão Conteúdo.