Cartão corporativo: notas fiscais de Bolsonaro incluem gastos com doces, Rivotril e picanha

Material foi obtido pela agência 'Fiquem Sabendo' e começou a ser divulgado nesta segunda, 23. Detalhamento de compras era mantido em sigilo

23 jan 2023 - 12h33
(atualizado às 12h58)
Bolsonaro em motociata em São Paulo, em junho de 2021
Bolsonaro em motociata em São Paulo, em junho de 2021
Foto: DW / Deutsche Welle

As notas fiscais de compras feitas usando o cartão corporativo da Presidência da República, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), indicam que o dinheiro público foi usado para comprar desde combustível para as motociatas, remédios tarja preta e até doces.

Em janeiro, dados sobre o uso do cartão corporativo já haviam sido divulgados, mas apenas com os valores totais, sem detalhamento dos itens comprados.

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O material foi obtido pela agência Fiquem Sabendo, especializada em pedidos pela Lei de Acesso à Informação, e começou a ser divulgado nesta segunda-feira, 23. Os membros da agência trabalham, nesta semana, para digitalizar e tornar públicos os dados. 

Como funciona o cartão corporativo do presidente?

O presidente é titular do cartão, porém outras pessoas, previamente autorizadas, podem fazer compras que sejam necessárias. Informações sobre os gastos ficam em sigilo até o fim do mandato de cada presidente.

Conforme o Portão da Transparência do Governo Federal, o cartão corporativo pode ser usado para despesas próprias, desde que enquadradas como suprimento de fundos.

Alguns dos exemplos mais comuns de uso são: reparo ou recuperação de bens móveis ou imóveis, serviços gráficos, fotográficos, confecção de chaves, etc. Despesas com viagens e alimentação em serviço também são muito utilizados.

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No entanto, despesas com floriculturas, eventos, livros, dentre outras coisas, que forem custeadas pelo suprimento de fundos, só serão consideradas elegíveis quando for demonstrado, entre outros itens, o interesse público naquela aquisição.

Não há, atualmente, nenhuma norma definida no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o que não pode ser comprado no cartão corporativo, mas a Controladoria-Geral da União orienta que se realize uma interpretação rigorosa dos decretos e que haja cautelosa em seu uso.

Isso quer dizer que despesas em restaurantes e eventos, por exemplo, não devem ser custeadas pelo suprimento de fundos com frequência.

Veja alguns dos itens que já foram divulgados:

• Remédios

Uma nota registrada em abril de 2019, no valor de R$ 272,30, mostra a compra de dois medicamentos: Lexapro e Rivotril. Esses medicamentos, de venda controlada, são usados para tratar depressão e outros transtornos de humor e ansiedade.

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Também foram encontradas notas de azitromicina (antibiótico) e esomeprazol, para úlcera gástrica.

Carnes

As notas fiscais divulgadas, que tratam apenas de 2022, mostram que o cartão corporativo de Bolsonaro foi usado para comprar picanha em pelo menos 68 datas diferentes. Apenas em 30 de março de 2019, o cartão corporativo foi usado para comprar R$ 743,26 neste corte de carne.

Peças de filé mignon constam discriminadas em outras 67 notas fiscais. Há ainda 23 compras de pacotes camarão e 21 de bacalhau.

• Doces

Também foram encontradas compras, em 34 ocasiões, de potes de Nutella, chocolate de avelã.

Fonte: Redação Terra
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