Um homem disparou dezenas de tiros contra a sede do jornal Rondônia Ao Vivo, em Porto Velho, na madrugada deste sábado, 12. Câmeras de segurança registraram o ataque, que não deixou feridos. Segundo o relato de um policial militar, pelo menos 20 cápsulas de uma pistola calibre 9mm foram encontradas na cena do crime.
Ao Estadão, Paulo Andreoli, dono do jornal, afirmou que há algum tempo o site de notícias sofria ameaças de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser inserido numa lista de petistas que circula em aplicativos de mensagem no Estado.
Andreoli relata que as ameaças começaram a acontecer quando o veículo de notícias começou a classificar quem se reúne em frente aos quartéis pedindo pedindo intervenção militar como "manifestantes antidemocráticos". Após feitos os disparos, o atirador se retirou do ambiente. Para o dono do Rondônia Ao Vivo, o ataque foi planejado.
"Já temos um sistema de segurança com câmeras (no entorno) e eles sabiam onde ficavam. Tanto que o rapaz se posicionou num ponto cego. Mas não sabiam que tínhamos câmeras em outras ruas", disse.
O chefe de redação do jornal, Ivan Frazão, relatou ter recebido ligações de um número de telefone privado, que não foram atendidas. Além disso, nos últimos dias, camionetes e motocicletas passaram em volta da sede fazendo filmagens. "Estava desconfiado que alguma coisa ia acontecer", relata.
Para ele, a suspeita aumentou depois que o site começou a publicar matérias denunciando os manifestantes antidemocráticos e atos de violência do grupo.
O veículo seguirá as atividades, mas, segundo o Andreoli, passará a adotar medidas de segurança, como evitar o uso do crachá e também retirará o adesivo de reportagem em automóveis.
Em comunicado publicado na manhã deste sábado, a seccional de Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou os ataques e pediu "respeito às opiniões diversas".
"É lamentável o estresse e a pressão psicológica que ocasiona. A comunicação livre é um dos pilares para uma democracia sólida em nosso país e é necessário o respeito às opiniões diversas", diz o comunicado. "Reafirmamos nosso compromisso com a verdade e pedimos a apuração imediata para solução do caso."
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia (Sinjor-RO) também publicou uma nota de repúdio sobre o incidente.
"A direção do Sinjor-RO informa que tentará, na segunda-feira, uma reunião com autoridades ligadas à segurança pública, bem como do Ministério Público para oficializar um pedido de rigor e celeridade nas investigações", diz o texto. "Não podemos viver sob o controle dos 'soldados da insanidade' que, em nome de uma suposta liberdade, intimida, agride e aterroriza jornalistas".
Procurados, o Ministério Público de Rondônia e as polícias Civil e Militar do Estado não responderam o contato até a publicação da reportagem.