O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral revelou que Jair Bolsonaro lhe mandou "um abraço" enquanto estava preso. Cabral concedeu sua primeira entrevista desde que deixou a prisão.
"Quando eu fui preso, o Marco Antônio, meu filho, tinha gabinete no mesmo corredor que o Bolsonaro. Isso antes de o Bolsonaro disputar a Presidência", detalhou. "Ele fazia questão de perguntar ao Marco Antônio como eu estava e dizia para mandar um abraço para mim. Poucos fizeram isso. O Bolsonaro fez", afirmou em entrevista para o Metrópoles.
Torcida para Lula
Apesar do 'carinho' do ex-presidente Jair Bolsonaro, Cabral acrescentou que torceu pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. "Eu torci muito pelo Lula e graças a Deus o Lula ganhou", pontuou.
"O Lula tem 'espírito público'. Ele quer acertar e gosta do povo, tem a alma do povo", acrescentou.
O ex-governador contou ainda que, apesar da admiração, não vê Lula desde 2015, ocasião em que tomaram "uma cachaça" em Portugal.
Prisão e liberdade
Em fevereiro, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) concedeu liberdade a Sérgio Cabral, que estava em prisão domiciliar até então.
Cabral ficou preso por seis anos - de novembro de 2016 a dezembro do ano passado, quando foi para prisão domiciliar. Acusado de liderar um esquema de propinas, o ex-governador do Rio foi condenado a mais de 400 anos de prisão em mais de 20 processos diferentes. Em todos os casos ainda cabe a possibilidade de recurso.
Cabral foi o último político preso da Operação Lava Jato a deixar a prisão em regime fechado.
Ainda que livre, Sérgio Cabral ainda precisará cumprir algumas medidas cautelares impostas pela Justiça, como o uso de tornozeleira eletrônica. O ex-governador também não poderá deixar o Brasil e precisa se apresentar à corte todo mês.
Em nota, a defesa de Cabral celebrou o entendimento do tribunal. "Reconhecimento pela Justiça da ausência de motivos e do extenso e absurdo lapso temporal da prisão do ex-governador", afirmou em nota.
Trajetória
Cabral foi governador do Rio de Janeiro por dois mandatos, entre 2007 e 2014, depois de atuar como deputado e senador.
Ele era um importante aliado do então presidente Lula e comandou o Estado em grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, além de ter atuado ativamente na campanha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. Muitas obras para os grandes eventos teriam sido usadas para desvios de recursos e corrupção, de acordo com denúncias do Ministério Público.
Cabral foi acusado de liderar a organização criminosa que contava com participação de empreitara, políticos, empresários e membros dos demais Poderes. Depois de negar inicialmente os crimes, o ex-governador confessou alguns dos atos ilícitos e esquemas no Estado em depoimentos à Justiça. (*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)