Pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) assumiram nesta sexta-feira, 8, o compromisso de que, caso sejam eleitos, suas gestões terão ao menos metade das secretarias dirigidas por mulheres. Os anúncios ocorreram em eventos diferentes. Assim como os dois parlamentares, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aproveitou o Dia Internacional da Mulher para fazer agendas sobre o tema, mas não repetiu o compromisso dos adversários e afirmou que sua gestão tem "bastante mulheres" em cargos de comando.
"A gente é boa, a gente é preparada também. A gente dá conta. Não é abaixar a régua", disse a pré-candidata do PSB durante um café da manhã com mulheres e jornalistas em um hotel no bairro Jardim Paulista, na zona oeste da capital. Ela também considerou inaceitável que as chapas tenham menos da metade de candidatos negros.
Tabata afirmou que atua no Congresso para aprovar uma lei que reserva vagas para mulheres nos conselhos de empresas públicas ou mistas em nível federal e que é preciso dar o exemplo em São Paulo. A deputada também disse que irá recriar da Secretaria das Mulheres, extinta na gestão de João Doria, filiado ao PSDB na época, mas hoje sem partido.
Após o café da manhã, Tabata foi questionada em entrevista coletiva sobre seu posicionamento contrário à ampliação dos casos em que o aborto é legalizado -— atualmente, violência sexual, risco de morte para a gestante ou feto com anencefalia. A pré-candidata afirmou que mantém o posicionamento e que luta para que mais mulheres ocupem espaços de poder para enriquecer um debate que é complexo.
"Essa posição é válida como mulher e tem que ser ouvida também. A gente não pode querer mulher no poder que pense igual a gente. Se pensar diferente, está tudo bem", disse ela. Em outro momento, Tabata declarou que as ex-prefeitas Luiza Erundina (PSOL) e Marta Suplicy (PT), que apoiam Boulos, são exemplos para ela na política por causa da gestão que fizeram em São Paulo.
Boulos classifica críticas de Tabata como 'bate-boca de internet'
Tabata criticou Boulos nesta semana por ele ter omitido o resultado da adversária em uma publicação nas redes sociais sobre a pesquisa RealTime Big Data. A deputada acionou a Justiça Eleitoral.
Inicialmente, a publicação dizia que ele liderava contra qualquer candidato, mas não exibia os 10% da deputada federal do PSB. Após alteração, o texto passou a afirmar que ele liderava contra qualquer candidato bolsonarista.
A Justiça Eleitoral determinou que ele excluísse a postagem, porque considerou que ele manipulou os dados ao juntar, no mesmo gráfico, nomes como Ricardo Salles (PL) e Marcos Pontes (PL) que apareciam em cenários diferentes testados pela pesquisa.
"A postagem que minha equipe fez foi muito clara, fazendo uma comparação na pesquisa RealTime Big Data, em que eu lidero em todos os cenários, com as candidaturas bolsonaristas", justificou o pré-candidato, afirmando que tem um grande respeito pela adversária na corrida eleitoral.
"Acho que a pré-candidatura da Tabata contribui para a qualificação do processo eleitoral", disse Boulos ao ser questionado sobre o assunto. Ele disse que não entraria em "bate-boca de internet" e que cumpriu a decisão judicial. "Meu respeito pela Tabata continua o mesmo", acrescentou.
Questionada sobre a postagem, Tabata disse que a publicação não faz sentido do ponto de vista "estatístico, ético e matemático". "Eu não sei qual foi a motivação individual dele e da equipe dele. O que eu sei é que é crime e a Justiça reconheceu isso", afirmou.