Brasil revive onda de protestos contra a Copa e por melhorias sociais

15 mai 2014 - 21h50

A 28 dias do início da Copa do Mundo, o Brasil viveu nesta quinta-feira uma nova jornada de protestos contra os altos custos do torneio e em favor de melhorias sociais, e como os ocorridos no ano passado, na época da Copa das Confederações, houve confrontos pontuais com a polícia.

As manifestações, que começaram de manhã e continuavam à noite, reuniram milhares de pessoas de vários movimentos sociais, sindicatos e cidadãos.

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Como parte do primeiro Dia Internacional de lutas contra a Copa, as manifestações, em sua maioria pacíficas, ocorreram em diversas cidades do país e com variadas reivindicações, mas a maioria teve a rejeição ao torneio como pano de fundo.

Um dos maiores protestos ocorreu em São Paulo, onde mais de 2 mil ativistas do Movimento dos Trabalhadores sem-teto (MTST) bloquearam avenidas como a Paulista em defesa ao acesso a moradias dignas e contra as despesas do evento.

Guilherme Boulos, um dos dirigentes do MTST, disse à Agência Efe que o protesto, também realizado em Brasília, foi "contra o legado de especulação imobiliária e o aumento dos aluguéis na região do bairro de Itaquera que a construção do estádio (Arena Corinthians, palco de partidas da Copa) deixou".

Além da reivindicação dos "sem-teto", na maioria das 12 sedes do Mundial houve ao menos um protesto com foco na rejeição aos investimentos milionários que o governo fez na competição esportiva e que reuniu milhares de pessoas sob palavras de ordem como "Fifa go home", "A Fifa não manda aqui" e "Copa sem povo, tô na rua de novo".

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"O propósito desta manifestação é protestar contra as despesas excessivas com a Copa e a falta de preocupação com a população. É uma omissão geral. Falta saúde, faltam hospitais, faltam escolas", disse à Agência Efe, no Rio de Janeiro, Elisângela Silva, uma dirigente do movimento Juntos!, um dos que convocaram as manifestações com o Comitê Popular da Copa.

Em São Paulo, a manifestação terminou em confrontos entre a polícia e alguns dos manifestantes que quebraram vidraças, portões de estabelecimentos comerciais e causaram danos ao patrimônio público. Os agentes reagiram lançando bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha. Segundo as primeiras estimativas, cerca de 20 pessoas foram detidas.

No Rio de Janeiro, professores da rede pública em greve fizeram uma passeata de forma pacífica junto com os manifestantes contra o Mundial, enquanto em Brasília houve uma passeata até o estádio Nacional Mané Garrincha e uma concentração em memória dos oito trabalhadores mortos nas obras das arenas esportivas.

No transcurso das manifestações, que também ocorreram em outras grandes cidades como Belo Horizonte e Fortaleza, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil é um país "de conflitos" e que deve aprender a conviver com eles, em uma aparente alusão aos protestos contra a Copa.

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Já o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que "não se deve ter nenhum tipo de pânico" por causa dos protestos e voltou a garantir a segurança durante o evento da Fifa.

  
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