O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, não confirmou na manhã desta segunda-feira que a decisão sobre sua renúncia ao cargo já estaria tomada, e que ela seria comunicada logo nos primeiros dias de 2014. "Hoje tivemos três matérias sobre o mesmo assunto (nos jornais). Alguém soltou alguma coisa no final de semana", disse, bem humorado, em um evento no Palácio Guanabara, sede do governo Fluminense, de recepção a sete judocas medalhistas no Mundial da modalidade, que se encerrou neste último domingo, no ginásio do Maracanãzinho.
"Não tem nada decidido. Eu completo sete anos em dezembro. Temos um vice candidato por decisão do partido, e com o meu entusiasmo. Ele pode assumir o mandato. Mas não temos uma decisão tomada", afirmou Cabral, referindo-se ao vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
Bastante contestado e principal alvo das manifestações populares que eclodiram pelo Rio de Janeiro desde junho, Cabral é o governador mais mal avaliado do País, segundo pesquisa Ibope realizada no final do último mês de julho. Desde então, ele mudou sua postura em eventos oficiais e vem tentando ao máximo alavancar a popularidade de seu vice a fim de que o PMDB siga soberano à frente da administração fluminense por mais quatro anos.
A postura de Cabral nesta segunda-feira, esbanjando bom humor, foi bem diferente do início do período de manifestações, quando denúncias sobre o uso irregular de helicópteros oficiais do Estado aumentavam ainda mais o ódio dos manifestantes nas ruas e fazia com que o governador, na maioria das vezes, se calasse em eventos como o de hoje e saísse sem conversar com os jornalistas.
De "escanteio" no início do evento, Pezão foi chamado por Cabral duas vezes para "ficar aqui com a gente no meio". Ao final, o vice atendeu e posou para fotos com os atletas e a placa de agradecimento recebida pelo governador, além de uma camisa da equipe autografada pelos atletas - os "mimos" foram um agradecimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) pela realização do Mundial do Rio pela terceira vez na história.
Cabral ainda atacou de mestre de cerimônias ao chamar atletas, dirigentes e seu vice-governador para posar para fotos em frente ao banner do Mundial de judô. "Vamos agora, todos juntos, coloquem a mão aqui junto comigo", orientou antes dos cliques dos fotógrafos.
Cabral tem até abril de 2014 para passar o cargo para Pezão se ambientar como governador do Estado - estratégia já definida e anunciada em entrevista recente à revista Istoé. A candidatura do vice passa por momento chave em que o PT, o PDT e o PSB estudam candidaturas próprias.
Quando se reelegeu para mais quatro anos de mandato, Cabral contava com 16 partidos em sua aliança. O PR de Anthony Garotinho, também pré-candidato, também está disputa para voltar ao Palácio Guanabara.