Candidatos à Presidência defendem legalização da maconha

Eduardo Jorge (PV), Rui Costa Pimenta (PCO) e vice de Zé Maria (PSTU) criticaram "guerra às drogas" em debate promovido pela Associação Cultural Cannabica de São Paulo e

6 ago 2014 - 07h01
(atualizado às 08h20)
Da esquerda para a direita: Eduardo Jorge (PV), o mediador Fernando Silva, Rui Costa Pimenta (PCO) e Claudia Durans, candidata a vice na chapa de Zé Maria (PSTU)
Da esquerda para a direita: Eduardo Jorge (PV), o mediador Fernando Silva, Rui Costa Pimenta (PCO) e Claudia Durans, candidata a vice na chapa de Zé Maria (PSTU)
Foto: Débora Melo / Terra

O "fracasso" da repressão policial na política de "guerras às drogas" marcou um debate promovido nesta terça-feira pela Associação Cultural Cannabica de São Paulo com os candidatos à Presidência Eduardo Jorge (PV) e Rui Costa Pimenta (PCO), além da candidata a vice na chapa de Zé Maria (PSTU), Claudia Durans. Os demais candidatos não compareceram.

O argumento de que a proibição não reduz o consumo da droga e apenas contribui com a superlotação do sistema prisional brasileiro foi o ponto em comum da explanação dos três candidatos. O debate foi realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e mediado pelo advogado Fernando Silva, 29 anos, ativista conhecido como Profeta Verde.

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"Parcela significativa da população carcerária no Brasil e no mundo se deve à proibição às drogas. É necessário lutar para eliminar esse crime artificial. É um crime como prostituição: um problema moral transformado em legislação”, disse Rui Costa, para quem a guerra às drogas tem sido “um dos principais pretextos para a repressão policial” e “uma forma de controle social".

Claudia Durans, por sua vez, citou a “criminalização da pobreza” como consequência da guerra às drogas. "É preciso enfrentar a vulnerabilidade da juventude que vai ao tráfico. E essa juventude vai ao tráfico para não se desmoralizar diante de outras situações, diante do crescimento das desigualdades", afirmou.

Já Eduardo Jorge afirmou que a maconha é a "chave do poder econômico do crime no Brasi" e que sua legalização provocaria um colapso nessa estrutura. O candidato do PV ainda lamentou que o debate seja prejudicado por "preconceito, ignorância e falta de dados".

Levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que 7% dos brasileiros com idade entre 18 e 59 anos já fumaram maconha pelo menos uma vez na vida. Além disso, dados do Ministério da Saúde apontam que, das 40.692 mortes provocadas pelo uso de drogas entre 2006 e 2010, 34.573 (84,9%) ocorreram por abuso de álcool, e 4.625 (11,3%) por uso de tabaco - ambas drogas lícitas.

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Uso controlado

Jorge, que é médico sanitarista, disse que o PV é a favor da legalização de todas as drogas, exceto crack, mas que é preciso haver regulação e controle. "É preciso esclarecer como deve ser o uso moderado a fim de evitar a dependência. Essa deve ser a concentração do esforço do Estado. Algumas drogas vão exigir controle mais rigoroso, mas não é o caso da maconha", afirmou Jorge, que aponta a "característica mais suave" da erva.

Embora tenha defendido as liberdades individuais e a legalização de todas as drogas, o candidato Rui Costa disse que isso não significa que o PCO seja favorável ao uso das substâncias. "O que nós defendemos são os direitos do povo de modo abrangente. O uso de drogas, ao contrário do que a ideologia conservadora tenta alegar, é um problema de cada um", declarou.

Pesquisa Ibope divulgada no dia 22 de julho mostra Eduardo Jorge (PV) com 1% das intenções de voto - a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, lidera a disputa com 40%. O candidato Rui Costa Pimenta (PCO) não pontuou.

Drogas: da legalização à pena de morte

mapa eleitoral 2014
Foto: Arte Terra

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Fonte: Terra
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