Carlos Bolsonaro prestará depoimento à PF na terça-feira, diz ex-presidente

Jair Bolsonaro falou sobre a operação desta segunda-feira, 29, reafirmou apoio a Ramagem e negou recebimento de informações de espionagem

29 jan 2024 - 18h37
(atualizado às 22h12)
Alvo de operação da PF, Carlos está com Jair Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ)
Alvo de operação da PF, Carlos está com Jair Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ)
Foto: Reuters/Ricardo Moraes/File Photo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou que seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), já tinha um depoimento marcado para esta terça-feira, 30, na Polícia Federal. Segundo Bolsonaro, o depoimento estava previsto mesmo antes da operação desta segunda-feira, 29, em um processo que corre em segredo de Justiça.

O ex-presidente foi ouvido pela CNN Brasil. Ele não negou que Carlos tenha pedido informações a Alexandre Ramagem sobre as investigações envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas disse duvidar de que o filho tenha feito isso.

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"Eu queria saber o que foi informado pelo Ramagem de volta, apenas isso. Obviamente, a órgãos do governo, é comum as pessoas fazerem questionamentos. O que foi perguntado? Se é o andamento do processo, não tem problema nenhum, o que é interferência, é outra questão", disse. "Desconheço qualquer pedido deles para Alexandre Ramagem, ou para quem quer que seja, sobre qualquer assunto confidencial. Duvido", continuou.

Sobre a mensagem enviada por uma assessora de Carlos para Ramagem, Bolsonaro disse que o ex-diretor da Abin é um amigo da família, o que, segundo ele, justificaria a aproximação e a troca de mensagens.

"Temos um vínculo de amizade, que é comum pedir informações. Mas pode ter certeza, jamais o meu filho pediu algo que não fosse legal para o Ramagem", disse.

Ele também negou ter recebido quaisquer informações sobre a operação desta segunda-feira, 29, antecipadamente. Bolsonaro disse que não tem amigos na Abin.

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"Sistema de inteligência particular"

O ex-presidente falou ainda sobre o que seria o seu "sistema de inteligência particular", ao qual se referiu em uma reunião com ministros em sua gestão, em abril de 2020. Segundo ele, esse sistema seriam "as pessoas que conheço pelo Brasil".

"É um colega lá em Roraima, outro lá em Quixaramobim... é em Amazonas, que eu liguei pra uns colegas meus sobre as queimadas.... Ligo para amigos meus nos estados, essa é a minha inteligência", disse Bolsonaro, que negou ter recebido algum tipo de relatório da Abin.

Ele chegou a criticar o software First Mile, que colhe informações geográficas das pessoas, como uma justificativa para dizer que não usaria a ferramenta. Segundo Bolsonaro, a localização seria imprecisa.

Operação em sua casa

Bolsonaro criticou a ida de agentes da Polícia Federal à sua casa, em Angra dos Reis. Segundo ele, os policiais entraram em sua residência, mesmo ele não sendo alvo da operação, apenas porque Carlos Bolsonaro estava ali. O ex-presidente afirmou que um assessor que estava em sua casa teve pertences apreendidos só por estar ali.

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"É um absurdo isso", disse.

Apoio a Ramagem se mantém

Mesmo com as investigações rondando o ex-diretor da Abin, Bolsonaro disse que mantém o apoio à candidatura de Ramagem para a prefeitura do Rio de Janeiro. O ex-presidente considerou que a operação da PF não afeta a imagem do aliado.

Bolsonaro nega ter criado ‘Abin paralela’ para espionar adversários político
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"Tenho plena convicção que [a investigação] não vai chegar a lugar nenhum. O caso Marielle que levou cinco anos e parece que vai chegar em algum lugar - eu sei que falta a homologação da delação premiada - é quase que instantaneamente, praticamente encerrado o caso da vereadora Marielle, que foi brutalmente assassinada em 2018, volta-se com essa questão de uma possível 'Abin paralela'", disse Bolsonaro, sugerindo que a operação atual começou para atingi-lo. 

Fonte: Redação Terra
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