Caso das joias: PF colheu nos EUA depoimentos de médico de Bolsonaro, ex-assessora de Michelle e corretor de Miami

Equipe da Polícia Federal também levantou e-mails e documentos em joalherias durante as investigações

10 jul 2024 - 10h52
(atualizado às 11h50)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Uma equipe da Polícia Federal (PF) foi aos Estados Unidos e colheu o depoimento de seis pessoas, além de levantar e-mails e documentos em joalherias durante as investigações no inquérito da venda ilegal de joias, segundo O Globo, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A PF teve o apoio do Federal Bureau of Investigation (FBI).

De acordo com o jornal, estão entre as testemunhas interrogadas:

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  • uma ex-assessora internacional da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro que mora em Orlando;
  • um médico de Bolsonaro que vive em Orlando;
  • um corretor imobiliário de Miami;
  • ao menos três donos de lojas de joias.

Na última semana, Jair Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos no inquérito das joias. Além dele, outros 11 aliados foram indiciados, como seu assessor de imprensa e advogado, Fabio Wajngarten.

Ainda conforme o jornal, um dos joalheiros entregou à PF o recibo de compra dos relógios Rolex e Patek Philippe no valor de US$ 68 mil em nome do general Mauro Lourena Cid -- pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex ajudante de ordens de Bolsonaro --. Tanto pai como filho afirmaram que repassaram esse valor em espécie e fracionado a Bolsonaro.

Já outro joalheiro contou que Cid tentou vender pra ele o chamado kit "ouro branco" em 2022. Já em 2023, ele apareceu para comprar de volta. Outro proprietário ainda mostrou à Polícia e-mails em que Cid dizia que as esculturas eram de "ouro maciço". Como o joalheiro ficou na dúvida e queria abrir as peças para conferir, Cid desistiu da negociação.

Além disso, a PF refez o caminho de uma mala que levava duas esculturas douradas de árvore e barco que Bolsonaro ganhou de autoridades dos Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Para chegar até o seu pai em Miami, Cid contatou uma ex-assessora internacional da primeira-dama Michelle Bolsonaro, um médico do ex-presidente e um corretor de imóveis. Ouvidos pela Polícia, os três confirmaram as conversas com Cid para transportar a mala, mas disseram que não sabiam o que tinha no pacote.

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De acordo com o jornal, o corretor foi quem locou um imóvel em Orlando para Bolsonaro se hospedar. Ao visitar o ex-presidente, um assessor lhe perguntou se ele poderia levar a mala para Miami. Ele levou e depois o general Lourena Cid foi buscá-la. As informações constam no relatório final da PF sobre o caso.

Por meio de nota, a defesa de Bolsonaro disse que o inquérito é "insólito" e afirmou que o ex-presidente "em momento algum, pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como públicos". A defesa de Cid, por sua vez, não quis se manifestar.

Indiciamento de Bolsonaro

Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF no inquérito das joias, na quinta-feira, 4. Quando era presidente, Bolsonaro recebeu três pacotes de joias do governo saudita, avaliados em R$ 16,5 milhões. Bolsonaro e ex-assessores são investigados por se apropriarem indevidamente dos itens.

Na última segunda-feira, 8, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do inquérito e deu 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso. Com mais de 400 páginas, o relatório da PF traz uma série de elementos que indicam a participação de Bolsonaro no desvio e na venda de presentes de luxo recebidos durante seu mandato na Presidência da República. Mensagens, fotografias e documentos analisados pela investigação mostram que o ex-presidente sabia do esquema que, segundo a PF, desviou R$ 6,8 milhões em joias da União. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.

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*Com informações do Estadão Conteúdo.

Fonte: Redação Terra
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