O relatório preliminar da Polícia Federal (PF), que embasou o pedido de busca e apreensão desta manhã, 3, indica que o certificado de vacinação contra a covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi emitido no aplicativo ConecteSUS por meio de um computador cadastrado no Palácio do Planalto.
De acordo com o relatório, o cartão aponta que o ex-presidente teria recebido três doses da vacina contra a covid-19: uma Janssen e duas Pfizer. Bolsonaro, no entanto, nega ter se vacinado.
As investigações preliminares também mostram que em 21 de dezembro de 2022 foram inseridas informações no sistema sobre a aplicação de duas doses da vacina da Pfizer contra a covid-19 no ex-presidente.
Entretanto, em 27 de dezembro, os dados foram excluídos do sistema pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob a alegação de "erro". No total, foram emitidos três certificados de vacinação pelo usuário associado a Bolsonaro.
Envolvimento de Cid
A PF também identificou que o computador usado para acessar o aplicativo em duas ocasiões (22 e 27 de dezembro de 2022) pertence à Presidência da República e está cadastrado no Palácio do Planalto.
“Os dados encaminhados não revelaram qualquer anormalidade em relação aos acessos realizados ao aplicativo ConecteSUS pelo usuário do ex-Presidente da República”, diz um trecho da representação da Polícia Federal.
Os investigadores da PF acreditam que era Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, quem administrava a conta do ex-presidente no ConecteSUS. Isso porque o e-mail funcional do ex-assessor estava vinculado ao perfil.
Entenda o caso
Nesta manhã, a PF prendeu o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa. A prisão foi realizada em uma operação que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19. Equipe de investigação também esteve na casa do ex-presidente para busca e apreensão.
Além de Cid, dois seguranças de Bolsonaro também foram presos. Segundo a PF, a ação cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Haverá ainda análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas.
Os dados falsos teriam sido inseridos entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. Conforme a PF, as informações tratam da condição de imunização contra a covid-19, e essas pessoas puderam emitir os cartões de vacinação para utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelo Brasil e Estados Unidos.