'C*gão', 'traidor da pátria': Braga Netto atacou militares que rejeitaram plano golpista; veja prints

Mensagens estão em documento da Polícia Federal que embasam a Operação Tempus Veritatis, que tem como alvo Bolsonaro e aliados

8 fev 2024 - 12h39
(atualizado às 15h29)
Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto em evento no Palácio do Planalto em 2021
Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto em evento no Palácio do Planalto em 2021
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

O ex-general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice da chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, 8. Em mensagens de WhatsApp obtidas pela autoridade policial, Netto aparece atacando militares que não estavam apoiando o plano golpista, em tese, articulado por Bolsonaro e aliados.

Em conversa de 14 dezembro de 2022 com Ailton Barros, ex-militar que já foi candidato a deputado estadual pelo PL, partido de Bolsonaro, Netto chama o então general Freire Gomes de ‘cagão’ e diz que “omissão e indecisão não cabem a um combatente”. 

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Foto: Reprodução

Freire Gomes assumiu o comando do exército em março de 2022 por indicação de Jair Bolsonaro, e deixou o cargo em dezembro. No ano passado, em meio a investigações da Polícia Federal, foram obtidas conversas do dia 15 de dezembro em que Ailton Barros e Mauro Cid também falavam sobre pressionar Freire Gomes para que “ele faça o que tem que fazer”.

Também no dia 15 de dezembro, Ailton enviou a Braga Netto, conforme novas conversas obtidas pelo Terra que embasam a operação: “Se o FG tiver fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.

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Outros ataques

Outros militares também foram alvos de críticas e xingamentos de Braga Netto. Em outra ocasião, ele xinga o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira, o chamando de “traidor da pátria”.

A partir disso, ele cria ‘memes’ com o intuito de desmoralizar Baptista Junior e, em paralelo, pede para que o almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos fosse elogiado.

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Foto: Reprodução

“As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador Mauro Cid, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante Almir Garnier, em reunião com o então Presidente Jair Bolsonaro, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima lançadas”, escreveu o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator da da determinação emitida a partir de solicitação da Polícia Federal também analisada pela Procuradoria-Geral da República.

Sobre a investigação, autorizada, Moraes indica que a autoridade policial apresenta indicativos de uma “a real expectativa que permeava o grupo quanto à permanência no poder, discorrendo ainda sobre a relação entre os todos os cinco eixos de atuação da organização criminosa que, embora ostentem finalidades específicas, foram utilizados como suporte para verdadeira execução de um golpe de Estado no Brasil.”.

A investigação

A operação batizada de Tempus Veritatis investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

São cinco crimes principais que movem a investigação:

• Ataques virtuais a opositores;

• Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;

• Tentativa de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito;

• Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;

• Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens como: o uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; e o desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.

Conforme apuração do Terra, a operação gerou quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas de prisão – que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. 

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O advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmou na manhã desta quinta-feira, 8, que o ex-presidente irá entregar seu passaporte às autoridades. Horas depois, a PF confiscou o documento durante mandado de busca e apreensão na sede do PL, em Brasília.

Até o momento, foram presos:

Filipe Martins -  Ex-assessor especial de Bolsonaro; 

Marcelo Câmara -  Coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente;

Rafael Martins -  Major das Forças Especiais do Exército; 

Bernardo Romão Corrêa Netto -  Coronel do Exército (mandado ainda não cumprido, já que o alvo está nos Estados Unidos).

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Outros alvos:

Conforme descrito em decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, obtidas pelo Terra, foi autorizada a busca e apreensão de armas, munições, dispositivos eletrônicos e quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados nos endereços de:

 

  • Ailton Barros - Coronel reformado do Exército.
  • Almirante Almir Garnier Santos - Ex-comandante-geral da Marinha;
  • Amauri Feres Saad  - Advogado apontado como mentor intelectual da minuta golpista apresentada a Bolsonaro;
  • Anderson Torres - Delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
  • Angelo Martins Denicoli - Major da reserva
  • General Augusto Heleno - Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Cleverson Ney Magalhães - Coronel de Infantaria lotado no Comando de Operações Terrestres (Coter);
  • Eder Lindsay Magalhães Balbino - Empresário sócio da Gaio Innotech Ltda, empresa de tecnologia da informação sediada em Uberlândia;
  • General Estevam Theophilo Gaspar De Oliveira - Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Guilherme Marques Almeida  - tenente-Coronel então no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter);
  • Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel;
  • José Eduardo de Oliveira e Silva - Padre de Osasco, na grande São Paulo;
  • Laércio Vergílio - general de Brigada reformado;
  • Mario Fernandes - general, ex-Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República;
  • General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira -  Ex-ministro da Defesa;
  • Ronald Ferreira De Araújo Júnior - Oficial do Exército;
  • Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros - Coronel; 
  • Tércio Arnaud Tomaz  - Ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
  • General Braga Netto -  Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • Valdemar Costa Neto -  Presidente do PL, partido de Bolsonaro;

 

  • Bernardo Romão Correa Neto, Filipe Martins, Marcelo Câmara e Rafael Martins, que foram presos preventivamente, também são alvos de busca e apreensão pela operação. 

Eles teriam atuado em o que a PF classificou como seis núcleos para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral, planejar a execução de um golpe de Estado e agir de forma antidemocrática, para a permanência do grupo no poder

 

Fonte: Redação Terra
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