O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que ainda pode ser contado entre os correligionários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Eu apoiei e continuo apoiando o presidente Bolsonaro. Ele é nosso líder político", disse em entrevista coletiva neste sábado, 4, no evento Lide Brazil Conference, em Portugal.
Castro foi reeleito no Rio de Janeiro com o apoio de Bolsonaro e a fala deste sábado surge como um aceno a essa importante parte de sua base eleitoral, que, como apurado pelo Estadão, tem visto o governador buscando se afastar do bolsonarismo radical e construir uma marca própria à frente do Palácio Guanabara.
Ainda em dezembro, o governador reconheceu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e se comprometeu a trabalhar com o petista. "Não tem como agir diferente. O povo escolheu (Lula). Vamos trabalhar juntos". Ele repetiu esse comprometimento na entrevista de sábado. "O Rio de Janeiro precisa muito do governo federal e foi o que eu disse o tempo todo, que eu trabalharia com quem fosse escolhido pela população", afirmou.
Esse afastamento do bolsonarismo chegou a dividir o PL na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com o lançamento de Jair Bittencourt (PL), simpático de Bolsonaro, para disputar a presidência da Casa contra Rodrigo Bacellar (PL), candidato de Castro. O deputado recuou às vésperas da eleição e apoiou a chapa de Bacellar, eleita com ampla maioria dos votos.
Judiciário
Castro tem se afastado também de outra pauta cara ao bolsonarismo: os ataques ao judiciário. Durante seu discurso no Lide Brazil Conference, o governador afirmou que "o verdadeiro povo brasileiro" defende o STF. "Contem com os governos e com governadores. O que queremos é paz para esse País", disse.
Na entrevista coletiva, contudo, ele mudou ligeiramente o discurso, criticando a participação do Poder Judiciário no campo político. "A política tem que ficar no campo da política. Quando a política vai pro campo do judiciário, é um perigo até para a democracia", alegou, dizendo que o judiciário deveria agir como um "grande mediador" apenas quando opiniões políticas configurarem crime.
No mesmo sentido, criticou as ofensivas jurídicas que buscam prisão e inegibilidade de Bolsonaro. "A gente tem que acabar com essa questão de ficar querendo de toda forma punir ex-presidentes", disse.
A fala de Castro ganha um peso maior em meio à nova crise entre aliados de Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) protagonizada pelo senador Marcos do Val, que apresentou versões conflitantes sobre um suposto plano golpista que envolveria o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira, e ainda tentou levantar suspeita contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.