Ainda que tenha dito não se sentir atingido, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), acompanha de perto os passos da Polícia Federal na investigação que mira seu ex-assessor Luciano Cavalcante e outros de seus aliados na política alagoana. Na semana passada, a PF deflagrou uma operação para apurar um suposto esquema de superfaturamento na compra de equipamentos de robótica para escolas públicas em 43 cidades de Alagoas. Agentes escalados na Operação Hefesto realizaram buscas em 27 endereços relacionados à fraude estimada em pelo menos R$ 8,1 milhões. Os mandados foram cumpridos no Distrito Federal, em Alagoas e outros três Estados. Cavalcante acabou exonerado nesta segunda-feira, 5.
O dinheiro usado na compra de kits de robótica veio do chamado orçamento secreto, mecanismo revelado pelo Estadão e sob influência direta de Lira, que atuava na distribuição das emendas; o modelo de repasse foi extinto por ordem do Supremo Tribunal Federal. Como mostrou a reportagem, Lira remeteu R$ 33 milhões para as prefeituras investigadas na aquisição dos equipamentos.
Sacola cheia
- Imagens que fazem parte da investigação da PF mostram o casal Pedro e Juliana Salomão - apontados como operadores do esquema - realizando "quase uma centena de saques em dinheiro", em bancos e casas lotéricas de Brasília. As filmagens foram divulgadas pelo programa Fantástico, da Rede Globo.
- Em dois momentos do dia 17 de maio, Pedro e o motorista do assessor Luciano Cavalcante aparecem dentro de um veículo. Em ambas as cenas, Pedro entra no carro com uma sacola cheia e sai com ela vazia.
- A Polícia Federal encontrou R$ 150 mil no veículo e o passaporte do assessor parlamentar em uma mochila dentro do porta-malas.
- Segundo a PF, os saques eram fracionados, e não feitos de uma vez só, para driblar as autoridades.