Colunistas avaliam resultado do primeiro turno em SP e no Brasil; veja análises

Depois de uma agressividade jamais vistas no País, a etapa derradeira da corrida eleitoral em São Paulo entre representantes de forças clássicas da política é um dos destaques do resultado das urnas neste primeiro turno de 2024

6 out 2024 - 23h20
(atualizado em 7/10/2024 às 00h53)
São Paulo (SP), 24/09/2024 - Cerimônia de geração de mídia e preparação das urnas eletrônicas para as eleições municipais de 2024 na 1ª Zona Eleitoral, em Bela Vista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo (SP), 24/09/2024 - Cerimônia de geração de mídia e preparação das urnas eletrônicas para as eleições municipais de 2024 na 1ª Zona Eleitoral, em Bela Vista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil / Estadão

Após uma disputa acirrada e tensa, como em em São Paulo, e uma caminhada tranquila de vencedores em cidades como Rio de Janeiro e em Recife, o primeiro turno das eleições municipais deixam recados para forças políticas e para o ano de 2026. Mesmo quem deixou a disputa, terá agora contas a acertar. Caso de Pablo Marçal, que enfrenta desafios jurídicos após ser superado por Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) na primeira etapa da votação na capital paulista.

Veja as análises dos colunistas do Estadão sobre resultado do primeiro turno:

Publicidade
  • Ricardo Corrêa: Marçal sai da disputa pela Prefeitura e entra em batalha para continuar solto e elegível

Até 21h39 da última sexta-feira, 4 de outubro, qualquer análise sobre o futuro político do ex-coach e empresário Pablo Marçal deveria pintá-lo como força emergente capaz de rachar a direita e colocar-se como alternativa relevante em 2026. Um minuto depois, quando seu canal no Instagram publicava um laudo falso relacionado Guilherme Boulos ao uso de cocaína, ele mudou decisivamente esse contexto.

Não que Marçal, que terminou a menos de 1% do segundo turno, não seja de fato um fenômeno capaz de sacudir o tabuleiro da eleição presidencial. Mas, sem qualquer dúvida, assim como o de seu rival neste campo, Jair Bolsonaro, Marçal estará diante de um desafio que dificilmente não o levará à inelegibilidade e, possivelmente, pode fazê-lo também terminar na prisão.

Marçal diz que ‘o conservadorismo é maior que Bolsonaro’ ao comentar falta de apoio do ex-presidente
Video Player
  • Francisco Leali: O destino que a Justiça deve dar a Pablo Marçal depois de ficar fora do segundo turno em São Paulo

Se dependesse da vontade de 1,6 milhão de eleitores de São Paulo, o ex-coach que se lançou candidato pelo PRTB deveria estar no segundo turno da disputa pela Prefeitura da cidade. Mas os votos, embora de larga proporção, não foram suficientes para levar Pablo Marçal até lá e ele está fora da corrida eleitoral.

Seu destino político parecia projetado a não ter limites. Tanto que não se importou em apresentar um documento falso envolvendo o candidato do PSOL Guilherme Boulos. A fraude foi atestada pela Polícia Civil e escancarada publicamente. Marçal dela não pode se desvencilhar. O documento forjado fora postado por sua conta pessoal em rede social. Sua digital está, portanto, associada ao delito.

Publicidade
Boulos pede ‘mão na consciência' do eleitor e diz: ‘Nesse 2º turno, vamos estar juntos’
Video Player
  • Fabiano Lana: Derrota de Pablo Marçal reabilita a campanha da moderação

A derrota por pouquíssimos votos de Pablo Marçal na eleição de São Paulo pode ser uma boa notícia para quem já se exasperava com o estilo de eleição vale-tudo se espalhar para o Brasil. A imprudência temerária do candidato do PRTB, incluindo a abominável tentativa de incriminar Guilherme Boulos com um laudo médico falso, o prejudicou na reta final. Marçal já tinha os votos dos radicais, tentou ir em direção ao centro, mas sua natureza impetuosa o traiu. O recado que fica é: candidatos de nicho podem ir muito longe, mas não conseguem vencer a não ser em circunstâncias muito específicas.

Muita coisa do estilo Marçal de fazer campanha veio para ficar. Isso incluí a habilidade no uso das redes, agilidade, e mesmo ousadia. Conseguiu dominar a pauta com seus cortes e acusações. Porém, tanto avanço em modernidade veio por meio de um postulante de caráter bastante questionável, aparentemente sem limites éticos, e isso o prejudicou. A cadeirada que levou foi um símbolo de onde seus abusos podem levá-lo.

'Não vamos permitir que a cidade seja levada para a desordem', diz Nunes sobre segundo turno com Boulos
Video Player
  • Monica Gugliano: Nunca subestime a força e o poder da caneta de quem, como Nunes, disputa eleição no cargo

Na disputa eleitoral mais disputada e mais eletrizante de São Paulo nas últimas décadas, o prefeito Ricardo Nunes fez valer o peso da máquina e, mesmo passando para o segundo turno por um triz, chega a essa nova eleição com uma ínfima vantagem conquistada com muito suor, inaugurações de obras e o maior tempo na propaganda eleitoral gratuita.

E não se pode creditar o avanço ao segundo turno ao apadrinhamento de Jair Bolsonaro, que além de ter conseguido o fato único de perder uma eleição estando no comando do Palácio do Planalto, com o passar do tempo e a inelegibilidade, foi perdendo sua capacidade de transferir votos.

Publicidade

Nunes não deve nada ao ex-presidente que chegou a desprezá-lo no começo da campanha quando achava que o emedebista tinha poucas chances de se eleger. Mas o prefeito, deve sim, e muito, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e às articulações de bastidores feitas pelo secretário Gilberto Kassab.

  • Diogo Schelp: Paes e Campos, vencedores no 1º turno, são ativo para Lula e ameaça para o PT

Os prefeitos Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, e João Campos (PSB), de Recife, não deram a colher de chá de um segundo turno para seus adversários. Reeleitos com mais da metade dos votos válidos (Paes com 60,4% e Campos com 78,1%), eles representam ao mesmo tempo um ativo político para o presidente Lula e uma ameaça às ambições hegemônicas do PT.

Nos dois casos, o PT tentou garantir pelo menos a possibilidade de indicar os vices nas chapas em troca de não ter candidato próprio e de apoiar as campanhas à reeleição. O partido fracassou nesse intento com ambos. Paes e Campos preferiram escolher vices do seu círculo mais próximo, de sua extrema confiança, por dois motivos.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações